QUALIDADE É O DIFERENCIAL
DA INDÚSTRIA FLUMINENSE

Os números do setor industrial no mundo apontam para índices ainda mais preocupantes nos próximos trimestres, com a redução da capacidade europeia e a desaceleração da China. Para passar ao largo da crise a indústria fluminense está apostando cada vez mais na qualificação de profissionais e na busca de certificações que a transforme em excelência em seu segmento.

Um exemplo é a Nuclebrás Equipamentos Pesados S/A (Nuclep), que diversificou sua área de atuação e tem unificado a gestão de qualidade em todos os nichos onde atua, criando um selo de excelência próprio. Um dos principais parques industriais do estado – criado para dar suporte ao Programa Nuclear Brasileiro, em 1979 – hoje responde pelos equipamentos das usinas nucleoenergéticas de Angra, assim como atende a Petrobras em equipamentos para plataformas e para o Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí.

- Há uma preocupação grande na conquista de certificações internacionais, como a ASME III, que permite a construção e certificação de equipamentos nucleares, para criar um diferencial. Somos a única empresa nacional com essa certificação, o que nos abre as portas para concorrências internacionais e permite um desenvolvimento sustentável nos próximos anos – frisou a gerente de Qualidade, Valdete Couto.

Além de ampliar o mercado, as certificações servem para transformar a mão de obra da empresa em uma das mais desejadas do mercado, pelo processo de qualificação já voltado para atender aos certificados existentes e programados. O Centro de Treinamento Técnico (CTT), por exemplo, que deu origem às escolas de fábrica em todo o país, contribui com quase 60% do “chão de fábrica” e garante às empresas de todo o Brasil um trabalhador modelo para o padrão de desenvolvimento que o setor industrial vai exigir nas próximas décadas.

Essa excelência tem rendido bons frutos. A Petrobras, por exemplo, conta com a Nuclep para a construção, até o final do ano, de 14 equipamentos para as plataformas P-58 e P-62 e o navio processador de óleo Cidade de Paraty. Só nesses contratos atuam hoje cerca de 2.500 trabalhadores, profissionais que são apontados pela agilidade e criatividade do processo, oferecendo sempre soluções inovadoras a uma área onde a tecnologia é o grande diferencial.

A preocupação com a manutenção da mão de obra qualificada é outra questão sempre presente. Segundo os índices da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), divulgados dia 1º de agosto, os empresários apontaram a queda da demanda como um fator preocupante para o mercado, com 39%. A falta de mão de obra capacitada foi lembrada por 25,2% dos entrevistados, um volume ainda alto, embora sinalizando uma queda em relação a índices apurados em trimestres anteriores. A Secretaria estadual de Trabalho também apresentou uma evolução na empregabilidade no primeiro semestre, com o Rio apurando uma taxa de 2,43%, em termos absolutos.

- Pela excelência de seu trabalho, a Nuclep precisa ter a garantia de sua participação nos grandes projetos nacionais. Não se trata de fechar o mercado, mas garantir a predominância do conteúdo nacional em equipamentos como as plataformas de petróleo e, onde houver interesse em parcerias internacionais, buscar sempre a transferência de tecnologia – frisou Alexandre Navarro, secretário executivo do Ministério da Integração Nacional e presidente do Conselho Fiscal da Nuclep.

Essas parcerias podem ser estratégicas, como é o caso dos submarinos Scorpéne, de tecnologia francesa, que já aportaram em Itaguaí. Está a cargo da estatal construir a estrutura e o casco resistente de quatro submarinos convencionais e um a propulsão nuclear que irão ajudar na patrulha dos campos do pré-sal. Segundo a Marinha anunciou no início de julho, até 2047 a expectativa é de se construir mais 10 submarinos, além dos já em execução, e revitalizar cinco antigos. O processo está em ritmo acelerado e os conceitos de construção desse tipo de equipamento já estão sendo levados aos alunos que passam pelo CTT, como forma de preparar os futuros profissionais para ocuparem seu lugar de destaque no crescimento da indústria nacional.