NOTA PARA IMPRENSA
REPÓRTER
RUBENN DEAN
Lixo acumulado nas ruas ampliou tragédia no RJ
O acúmulo de lixo em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, provocado pela falta de coleta regular..
O acúmulo de lixo em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense,
provocado pela falta de coleta regular nos últimos três meses, agravou
os estragos causados pelo temporal da última quinta-feira, 3. No
município, uma pessoa morreu, mil estão desalojadas (temporariamente
fora de suas casas) e 276, desabrigadas (tiveram as casas destruídas). A
força das águas destruiu 45 casas e outras 200 foram danificadas,
segundo balanço divulgado nesta sexta-feira pela Defesa Civil do Estado.
Segundo
o prefeito Alexandre Cardoso (PSB), recém-empossado, a administração
anterior, de José Camilo Zito dos Santos (PP), deixou 50 toneladas de
lixo acumuladas. Dez toneladas foram retiradas nos dois primeiros dias
do ano, mas as 40 restantes, com a força das chuvas da madrugada de
quinta-feira, 3, se misturaram à lama e ao entulho que desceu dos morros
e das casas destruídas, o que dificultou ainda mais a vazão das águas
dos rios.
O lixo, segundo Cardoso, prejudicou a dragagem,
especialmente do rio Capivari, que inundou e causou grandes danos no
distrito de Xerém. "Todo o sistema de drenagem está assoreado, pois
entrou lixo nas galerias", afirmou o prefeito. A previsão da prefeitura é
de que em 48horas todo o entulho seja retirado das ruas e "em no máximo
cinco dias" toda a cidade esteja sem lama, para recomeçar o trabalho de
drenagem. "O que aconteceu foi um alerta, poderíamos ter tido muito
mais mortes."
Derrotado na tentativa de reeleição em outubro
passado, Zito tem sido procurado há vários dias pela reportagem do
jornal O Estado de S. Paulo, mas não é encontrado. Na casa do prefeito,
no bairro Doutor Laureano, um homem que não se identificou disse não
saber quando o ex-prefeito estará de volta. No dia 20 de dezembro,
agentes da Polícia Federal recolheram documentos e computadores na
residência do político, investigado por suspeitas de desvio de verbas da
saúde.
Na tarde desta sexta-feira não havia lixo acumulado na calçada em
frente à mansão de Zito, que fica em uma esquina. No entanto, montanhas
de detritos se espalhavam em ruas próximas, inclusive na praça em frente
à casa do ex-prefeito, onde há uma escola municipal. Em Xerém, os
moradores relataram que, pela falta de coleta, muitos jogavam lixo nos
rios. Nesta sexta-feira, além dos lixos, móveis e eletrodomésticos
danificados pelas chuvas formam pilhas nas esquinas.
O acúmulo de
lixo também preocupa moradores e autoridades em função das doenças
relacionadas à chuva. Agentes de saúde percorreram as casas orientando
os moradores sobre as doenças. Nos postos de saúde e abrigos, a
prefeitura distribuiu vacinas contra o tétano e difteria e produtos
contra a proliferação de ratos, em alerta para um possível surto de
leptospirose.
"Vim aqui pois estou muito preocupado com todo o
lixo. Ele se mistura à lama e na água e para pegarmos uma doença é muito
fácil", comentou o aposentado Carlos Martins, de 64 anos, na fila do
posto de saúde. "Meu maior medo é com a leptospirose, mas não tem vacina
e não querem distribuir o veneno pois têm medo de contaminação",
contou.
Belford Roxo
Embora sem a gravidade de Duque de
Caxias, situação semelhante de coleta irregular repetiu-se na cidade
vizinha de Belford Roxo. No dia 2 de janeiro, o novo prefeito, Dennis
Dauttmann (PC do B), iniciou um mutirão para recolher 30 toneladas de
lixo acumuladas nos últimos meses de 2012, ao final da gestão do
prefeito Alcides Rolim (PT), que tentou a reeleição, mas nem chegou ao
segundo turno.
Segundo a Defesa Civil do Estado, a força das águas
de Duque de Caixas chegou a Belford Roxo e provocou a inundação de rios
e o alagamento de várias ruas, deixando mais de 500 desalojados e oito
desabrigados. A assessoria de imprensa da prefeitura disse que os danos
foram causados pela chuva e o volume excessivo de água, mas que não
havia lixo acumulado nos rios. Segundo a prefeitura, 330 pessoas já
tinham voltado para suas casas na tarde de ontem, mas foram alertadas
para a possibilidade de novas chuvas.
Tanto no caso de Duque de
Caxias quanto de Belford Roxo, as administrações anteriores tinham
contrato de limpeza urbana com a mesma empresa, a Locanty, a quem
acusaram de ter interrompido o serviço. A Locanty, por sua vez,
reclamava de falta de pagamento. Nenhum representante da Locanty foi
localizado para explicar a falta de coleta regular nos dois municípios.
Mortes
As chuvas de quinta-feira, 3, causaram duas mortes no
Estado do Rio: uma em Duque de Caxias e outra na capital. Na manhã de
sexta-feira, foi encontrado o corpo de Roberto Magessi, de 49 anos,
morto em consequência de um deslizamento na Estrada da Paz, no Alto da
Boa Vista, zona norte do Rio. Segundo a Polícia Militar, Magessi
verificava uma caixa d''água do prédio onde morava quando foi atingido
por uma árvore e morreu antes da chegada dos bombeiros.
Roberto
era irmão da inspetora de Polícia Civil e ex-deputada federal Marina
Magessi. Ela acredita que o acidente tenha ocorrido por volta da
meia-noite. Segundo a policial, Roberto fez uma visita à irmã na noite
de quinta-feira, 3, e, ao sair, disse que faltava água no edifício e
pretendia conferir a caixa d'água quando chegasse em casa.
Encontrado
na madrugada de quinta-feira, 3, pelos bombeiros em Xerém, distrito de
Duque de Caxias, Luiz Carlos da Silva, de 63 anos, foi identificado por
amigos que foram ao Instituto Médico Legal (IML). As circunstâncias da
morte de Luiz Carlos não foram esclarecidas.
Há ainda um
desaparecido em Duque de Caxias, o funcionário da Companhia Estadual de
Águas e Esgotos (Cedae) Enéas Paes Leme. Ele sumiu quando trabalhava em
uma represa em Xerém, no momento da enxurrada. Enéas é casado e tem um
filho. "Estamos procurando, temos de procurar, mas não temos mais
esperança de um retorno", afirmou o cunhado da vítima, José Carlos Leme.
Indenização
Após
se reunir com o governador do Rio, Sérgio Cabral, e com o ministro da
Integração Nacional, Fernando Bezerra, o prefeito Alexandre Cardoso
anunciou que, em caráter emergencial, cerca de 300 famílias que tiveram
suas casas destruídas ou danificadas receberão até R$ 5 mil de
indenização para compra de roupas, alimentos e colchões. O plano da
prefeitura inclui ainda a recuperação das pontes, ruas e estradas
danificadas. Os recursos, ainda sem valor estimado, serão liberados pelo
governo federal em até 60 dias.
Nesta sexta-feira, por toda a
cidade os moradores limpavam casas e fachadas na tentativa de recuperar
algum pertence e minimizar os estragos causados pela chuva. A
comerciante Roseli Inácio, de 42 anos, e outros 11 comerciantes se
uniram para limpar a rua e reabrir seus comércios. "A gente tem de se
ajudar muito para tentar voltar à vida normal. Um depende do outro. As
mulheres estão empenhadas nas igrejas, fazendo almoço e coletando
donativos, enquanto os homens participam do mutirão de limpeza",Jornal Metro , jornalista rubenn dean
tel.021.9337.4123
email. rubenndeanrj@gmail.com
facebook.
eddie rubenn dean murphy