Saúde investe em ações para aumentar longevidade do brasileiro
REPÓRTER
RUBEM DE PAULA
Brasil está inserido no
relatório global que confirma aumento da expectativa de vida mundial,
com menos qualidade. O Plano de Enfrentamento das Doenças Crônicas Não
Transmissíveis, lançado pelo Ministério da Saúde, visa reverter esse
cenário
ESTUDO
DIZ O MINISTRO DA SAÚDE
O relatório
Global Burden of Disease Study 2010 (GBD 2010), publicado no
The Lancet,
um dos jornais médicos mais respeitados da Inglaterra, revelou que a
população de todo o mundo tem vivido mais, que a mortalidade infantil
apresentou queda, porém as pessoas têm levado um estilo de vida menos
saudável. O Brasil está inserido neste contexto mundial, por isso o
governo brasileiro vem investindo em políticas de saúde para aumentar a
longevidade e garantir qualidade de vida.
“O grande esforço do Ministério da Saúde, além de continuar mantendo o
aumento da expectativa de vida, é incorporar qualidade a esses anos que
estamos ganhando. Lançamos, em 2011, o Plano de Enfrentamento das
Doenças Crônicas Não Transmissíveis, justamente, em resposta a esse
cenário”, afirma o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
O estudo teve a colaboração de 486 autores de mais de 50 países e levou
cinco anos para ser concluído. O secretário de Vigilância em Saúde, do
Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, foi um dos entrevistados da
publicação. “O SUS está atento à prevenção das doenças crônicas e à
diminuição dos fatores de risco, como sedentarismo, alimentação
não-balanceada e tabagismo. Com isso, teremos idosos e adultos mais
saudáveis, diminuindo a prevalência dessas doenças”, destacou o
secretário.
Ele explica que o aumento da expectativa de vida é reflexo da redução da
mortalidade infantil e da mortalidade precoce de crianças e jovens. “Os
estudos de mortalidade e inquéritos de morbidade são essenciais para
subsidiar as políticas públicas. Hoje, temos uma série de ações que não
existiam há alguns anos atrás. Quanto mais a população envelhece, mais o
Sistema Único de Saúde (SUS) se esforça para oferecer programas que
promovam melhoria nos hábitos de vida dos brasileiros.”, ressalta o
secretário.
O trabalho foi conduzido pelo Instituto de Métrica e Avaliação de Saúde
(IHME), da Universidade de Washington, e reforça tendências já
observadas pelo Governo Federal: uma em cada quatro mortes no mundo
foram causadas por doenças cardíacas ou acidente vascular cerebral
(AVC). Somente em 2010, as doenças do aparelho circulatório foram
responsáveis por mais de 320 mil óbitos no Brasil.
CRÔNICAS - As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT)
constituem a principal causa de óbitos no mundo. No entanto, na última
década, observou-se uma redução de aproximadamente 20% nas taxas de
mortalidade por essas doenças no Brasil, o que pode ser atribuído à
expansão da Atenção Básica, melhoria da assistência e redução do consumo
do tabaco desde 1990, mostrando importante avanço na saúde dos
brasileiros. No País, as DCNT são responsáveis por 72% das causas de
morte no Brasil.
A taxa de mortalidade por AVC - na faixa etária que considera esses
óbitos como mais evitáveis – ou seja até os 70 anos de idade – reduziu
32,6% entre 2000 e 2010. Nesta faixa, o índice caiu de 27 mortes para 18
mortes para cada 100 mil habitantes, o que representa uma redução média
anual de 3,2%. Em 2010, foram registrados 33.369 óbitos de pessoas com
até 70 anos, por AVC.
De acordo com a pesquisa, a mortalidade infantil e a desnutrição
diminuíram em todo mundo entre 1990 e 2010. Relatório divulgado pelo
Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), destaca que o Brasil
já alcançou os índices de redução definidos pelas metas dos Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio (ODB), em relação à mortalidade de crianças
menores de cinco anos. O acordo previa a redução em 2/3 da mortalidade
desse público entre 1990 e 2015. De acordo com a ONU, o Brasil teve
redução de 73% das mortes na infância desde 1990.
VIGILÂNCIA – A publicação revela que maus hábitos alimentares e
sedentarismo correspondem a 10% do adoecimento global. O sobrepeso foi
apontado como responsável por três milhões de mortes ao redor do mundo
em 2010. A pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para
Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizada pelo
Ministério da Saúde anualmente desde 2006, retrata hábitos de vida da
população brasileira e mostra que o excesso de peso e a obesidade
aumentaram nos últimos seis anos no Brasil. No entanto, o Vigitel aponta
que o percentual de homens sedentários no Brasil passou de 16%, em
2009, para 14,1% em 2011. Na população brasileira, 39,6% dos homens se
exercitam regularmente, enquanto nas mulheres a frequência é de 22,4%.
Já o número de fumantes permanece em queda no Brasil. Segundo a
pesquisa, de 2006 a 2011, o percentual de fumantes passou de 16,2% para
14,8%. A incidência de homens fumantes no período 2006-2011 diminuiu a
uma taxa média de 0,6 % ao ano, segundo o Vigitel 2011. A frequência é
menos da metade do índice de 1989, quando a Pesquisa Nacional de Saúde e
Nutrição (PNSN), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), apontou 34,8% de fumantes na população.
Plano promove hábitos de vida saudáveis
Para frear a obesidade e o sedentarismo, que são fatores de risco
importantes para doenças crônicas, e promover hábitos de vida mais
saudáveis, o Ministério da Saúde prevê uma série de iniciativasno Plano
de Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis através de
parcerias com o setor privado e outras pastas do governo.
O Programa Academia da Saúde é a principal estratégia para induzir o
aumento da prática da atividade física na população. A iniciativa prevê a
implantação de polos com infraestrutura, equipamentos e profissionais
qualificados para a orientação de práticas corporais, atividades físicas
e lazer. A meta é construir quatro mil polos até 2014. Atualmente, há
mais de 2,6 mil polos habilitados para a construção em todo o país e
outros 155 projetos pré-existentes que foram adaptados e custeados pelo
Ministério da saúde. O programa recebe investimentos de R$ 371 milhões.
Para melhorar a dieta dos brasileiros e qualidade de vida, o Ministério
da Saúde firmou um acordo com a indústria alimentícia que prevê a
redução gradual do teor de sódio em alimentos processados. Desde 2011, o
governo firmou três termos de compromisso para que várias categorias de
alimentos sejam produzidas com menos sódio. Somados os três convênios, a
previsão é de que, até 2020, estejam fora das prateleiras mais de 20
mil toneladas com o teor deste alimento. Se o consumo de sódio for
reduzido para a recomendação diária da OMS (menos de cinco gramas por
pessoa diariamente), os óbitos por AVC podem diminuir em 15%, e as
mortes por infarto em 10%. Ainda estima-se que 1,5 milhão de brasileiros
não precisaria de medicação para hipertensão e a expectativa de vida
seria aumentada em até quatro anos.
MEDICAMENTOS – O Saúde Não Tem Preço, marca do Farmácia Popular, é
uma das ações prioritárias para o controle das doenças crônicas, como
hipertensão e diabetes. Desde o início da ação, em janeiro de 2011, mais
de 12 milhões de pessoas já retiraram medicamentos gratuitos para o
tratamento dessas doenças. No último mês, mais de 4,5 milhões foram
beneficiadas com os 11 medicamentos disponíveis. Esse número é quatro
vezes maior, se comparado a janeiro do ano passado, quando 853 mil
pacientes foram atendidos.
Além de aumentar o acesso, a oferta destes medicamentos contribui para a
redução no número de internações por diabetes e hipertensão no SUS. De
2010 para 2011, o número de pacientes internados por diabetes caiu de
148 mil para 145 mil. No caso de hipertensão, verifica-se também uma
redução de mais de oito mil internações de um ano para o outro. Os
medicamentos estão disponíveis nas mais de 22 mil farmácias em todo o
país. Para ter acesso, basta apresentar receita médica, documento de
identidade e CPF.
MS confirma queda das doenças transmissíveis
Por outro lado, o periódico destacou que a incidência de doenças
infecto-contagiosas caiu vertiginosamente nas últimas décadas. Os dados
do Ministério da Saúde confirmam a tendência mundial e registram queda
expressiva nos números de doenças transmissíveis nos últimos 10 anos,
como tétano, sarampo, dengue, tuberculose, diarreias e síndromes
respiratórias.
No Brasil, os dados corroboram com a publicação, apontando redução nos
números de destas doenças transmissíveis nos últimos 10 anos. A queda no
número de casos de tétano no Brasil é atribuída à vacinação de rotina e
ao reforço na imunização dos chamados grupos de risco. Neste período, o
número de casos caiu 44%. Enquanto em 2001, o País registrou um total
de 578 casos, em 2011 foram 327. No caso do tétano neonatal a redução
foi ainda maior, superando os 80% de 2001 a 2011, caindo de 37, para
seis casos, respectivamente.
O sarampo já foi responsável por uma parcela importante da carga
epidemiológica das doenças infecciosas no Brasil, com alta incidência e
letalidade até a década de 1990. A meta de eliminação do sarampo nas
Américas até o ano 2000 foi estabelecida em 1995 e foi seguida no Brasil
por fortes investimentos nas estratégias de vacinação, que se mantêm
até o momento. A última cadeia autóctone foi confirmada no Estado do
Mato Grosso do Sul, em 2000, quando foi concluída a implantação das
vacinas tríplice e dupla viral, que estavam em fase de implantação. Em
2011, foram confirmados 43 casos de sarampo, distribuídos por vários
estados; entre eles, sete apresentaram histórico de viagem à Europa e
aos Estados Unidos. Os demais foram confirmados por vínculo com os casos
importados.
DENGUE - O número de casos graves de dengue caiu este ano 64% em
comparação a 2011. A queda foi muito maior se forem considerados os
números de 2010 – percentual de redução de 78%. Enquanto de janeiro ao
início de novembro em 2010, os casos graves da doença chegaram a 17.037,
no mesmo período de 2012, o número totalizou 3.774. Os óbitos também
apresentaram queda de 63% em comparação com 2010. De janeiro até a
primeira semana de novembro, foram confirmados 247 óbitos, sendo que no
mesmo período de 2010 foram 672 óbitos. Os avanços confirmam a
estratégia de enfrentamento da dengue: não apenas de eliminar o
mosquito, mas garantir a assistência básica, capacitação dos
profissionais e aprimoramento da informatização dos dados de vigilância
epidemiológica.
Ano passado, o país registrou 71.337 casos de tuberculose. A publicação
Saúde Brasil, apresentada pelo Ministério da Saúde em outubro, aponta
uma queda média da taxa de incidência da tuberculose de 1,3% por ano,
entre 2001 e 2011, totalizando uma taxa de 37,1/100 mil habitantes.
Neste período, a quantidade aproximada de óbitos pela doença foi de 4,6
mil.
Aproximadamente 78,8 mil internações por diarreia deixaram de ocorrer em
2011 se comparado ao ano de 2001, caindo de 274.383 internações para
195.553 em 2011. Além disso, houve queda expressiva no número de óbitos
em menores de um ano, em 75,3%, entre 2000 e 2010, passando de 3.004
óbitos por diarreia para 740 em 2010. Essa diminuição dos casos graves e
das mortes em está associado ao conjunto de ações que integram a
Política Nacional de Aleitamento, como aumento no número dos bancos de
leite no país, o incentivo ao aleitamento materno, a expansão do Bolsa
Família, a capacitação dos profissionais da atenção básica para atenção
integrada às doenças prevalente na infância e ao Rede Cegonha.
Além disso, as Unidades Sentinelas espalhadas por todo o país vêm
ajudando a monitorar e combater, de forma rápida, as doenças
respiratórias causadas por vírus, como as gripes. Também o Ministério da
Saúde atua sistematicamente para combater as chamadas Síndromes
Respiratórias. Em 2009, foram notificados 88 mil casos por Síndrome
Respiratória Aguda Grave (SRAG), esse número caiu drasticamente em 2011 –
pouco mais de 4.900 casos. Neste ponto, as vacinas, a gratuidade dos
medicamentos, o diagnóstico precoce e o tratamento em todas as unidades
básicas de saúde, que também integram as ações de prioridade do Governo,
são responsáveis diretos pelo declínio.
jornalista
rubenn dean
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eddie rubenn dean murphy