Cansaço, pedofilia ou corrupção? Colunistas avaliam motivos para líder da Igreja Católica abandonar cargo

REPÓRTER RUBENN DEAN . 

Cansaço, pedofilia ou corrupção? Colunistas avaliam motivos para líder da Igreja Católica abandonar cargo


Em sua carta de renúncia, o Papa Bento XVI afirma que não tem forças para continuar a  exercer adequadamente o ministério pela idade avançada e saúde debilitada. O anúncio inesperado atingiu rapidamente a imprensa internacional, que começou a especular as motivações extra oficiais que poderiam ter levado Joseph Ratzinger a deixar a posição de sumo pontífice da Igreja Católica.

No Brasil, José Maria Mayrink, repórter do Estadão especializado em Religião, comentou a renúncia em vídeo para a 'TV Estadão'. Segundo ele, as dificuldades que a igreja vem enfrentando com questões de pedofilia influenciaram a decisão do Papa, assim como pressões que sofria pela Cúria Romana no governo do apostolado católico. O jornalista ainda acredita que Bento XVI não vai revelar os reais motivos e que o assunto será muito discutido nos próximos anos.
Para Marcelo Coelho, jornalista membro do Conselho Editorial da Folha de S. Paulo, as teorias conspiratórias sobre a renúncia do Papa são naturais. “A decisão foi também repentina demais para se acreditar plenamente na tese de cansaço; teria surgido alguma pressão súbita capaz de tirar Bento XVI do trono de São Pedro? Algum escândalo, quem sabe?”. Questiona. O funcionário da Folha afirma que “não há como preparar a opinião pública para uma coisa dessas sem dar margens a rumores ainda piores”.

 O comentário de Arnaldo Jabor na CBN se dedicou à humanização de Raztinger após a renúncia. “Muitos dizem que ele foi vencido pelo fracasso no combate à pedofilia ou por lutas internas no Vaticano, não sei dizer, porque tudo é especulação. Mas é certo que a resistência dos setores mais arcaicos da Igreja impediu o avanço de medidas corajosas que ele queria tomar, inclusive contra a corrupção dentro da Cúria”, declarou.

Matheus Pichonelli, subeditor do site  e repórter da revista Carta Capital, relacionou o ato de Bento XVI às novas tecnologias. Para ele, “o Papa pode ter se dado conta de que sua posição não o tornou imune ao escrutínio humano”. O jornalista argumenta que a autoridade não representa mais uma barreira protetora diante de manifestações populares e que o público jovem está cada vez mais atento aos desvios que antes permaneciam “debaixo do tapete”.

Do Blog História Cultural, mantido pela Gazeta do Povo, o historiador André Egg afirma que “a atitude de Ratzinger é de uma coragem inédita” em meio às inúmeras dificuldades e significativa perda de influência da Igreja.

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