TEM QUE FAZER UM DEBATE ENTRE OS "CACIQUES" DONOS DOS PARTIDOS, POIS SÃO ELES QUE DÃO AS CARTAS EM BRASÍLIA.


JORNALISTA/REPÓRTER. MAT.ABR.2014/0143  ...  DRT.33.689-1RJ.

O Brasil não é para principiantes nem para homens cordiais


Cordialidade do povo quer dizer ser subserviente, submisso, aqueles que gostam de serem conduzidos como gado. "E a conclusão do texto ?."
Cordialidade entre os candidatos é o mesmo que Falsidade. 
Não votem no candidato(a) que prega a união, este (a) é sem dúvida o mais falso(a).



É atribuída ao compositor Tom Jobim uma frase que regozija seus concidadãos: ‟O Brasil não é para principiantes”. Há nela a graça, entendida como uma característica nacional, entremeada com a cumplicidade necessária para entender fenômenos que seriam tipicamente brasileiros. De uma certa maneira, é um desdobramento do conceito de ‟brasileiro cordial” tão bem aplicado por Sérgio Buarque de Holanda - a partir de expressão que tomou do escritor Ribeiro Couto - e tão pouco compreendido em geral. Interpretado como um elogio por suposta decantada docilidade, a partir de estabelecimento da prioridade das relações afetivas em detrimento à razão, poucos refletem sobre a agudeza da crítica do sociólogo com seu conceito.

Disse Buarque de Holanda que a lhaneza no trato, a hospitalidade, a generosidade, virtudes tão gabadas por estrangeiros que nos visitam, representam um traço definido do caráter do brasileiro. Seria engano supor que essas virtudes possam significar ‟boas maneiras”, civilidade. São antes de tudo expressões legítimas de um fundo emotivo extremamente rico e transbordante. "Na civilidade, há qualquer coisa de coercitivo - ela pode exprimir-se em mandamentos e sentenças. (...) Nenhum povo está mais distante dessa noção ritualista da vida do que o brasileiro. Nossa forma ordinária de convívio social, é, no fundo, justamente o contrário da polidez. Ela pode iludir na aparência - e isso se explica pelo fato de a atitude polida consistir precisamente em uma espécie de mímica deliberada de manifestações que são espontâneas no ‟homem cordial”: é a forma natural e viva que se converteu em fórmula", escreveu em "Raízes do Brasil".



De acordo com Elvia Bezerra, especialista na obra de Ribeiro Couto, o poeta santista cunhou a expressão ‟homem cordial” na década de 1930 no Rio de Janeiro, em carta enviada a um embaixador mexicano que servia no Brasil e que depois a transformaria em artigo. ‟É da fusão do homem ibérico com a terra nova e as raças primitivas que deve sair o 'sentido americano' (latino), a raça nova produto de uma cultura e de uma intuição virgem _ o Homem Cordial”, escreveu Couto. A partir da apropriação do termo por Sérgio Buarque de Holanda houve muito debate entre sociólogos, historiadores, críticos literários.

Um dos mais inflamados opositores foi o poeta Cassiano Ricardo, que atacou Buarque de Holanda por atribuir docilidade aos brasileiros. O sociólogo explicou que a cordialidade a que se referia não vinha da bondade. Estranhava, isto sim, todo formalismo e convencionalismo social. Não significava obrigatoriamente sentimentos positivos e de concórdia. ‟A inimizade pode ser tão cordial como a amizade, visto que uma e outra nascem do coração, procedem, assim, da esfera do íntimo, do familiar, do privado.

”Em resumo, a cordialidade de Buarque de Holanda significa passionalidade, aversão às convenções ou formalismos sociais, podendo ser positiva ou negativa.

O elogio da cordialidade que os candidatos fizeram após o debate da Band desta terça pode ser citado como exemplo de sua face negativa. Havia um arranjo entre os candidatos sobre a ideia de que estavam num teatro e que seria vencedor quem melhor interpretasse um papel que agradasse ao respeitável público. Havia certa informalidade entre eles - chamaram-se por "você" em diversos momentos. Ninguém queria rasgar a fantasia. Nem a sua nem a do outro.



Talvez haja aqui a mesma falta de entendimento de conceitos que vitimou o ‟homem cordial” de Sérgio Buarque de Holanda. A nova arquitetura política a ser erguida a partir dos novos meios de comunicação exige novos discursos, interpretações e posturas. As redes sociais são complementares à mídia tradicional. Não suas concorrentes. Seus atores, os jovens, têm agora novas ferramentas para assumirem o protagonismo político e  refundarem fazeres político-administrativos vinculados a uma sociedade baseada em outras formas de comunicação. Nem melhores nem piores. Mas diferentes. No passado, eram menos rápidas, menos horizontalizadas. No presente, são múltiplas e voláteis.

Como afirma o sociólogo alemão Andreas Huyssen, é fácil atribuir os conflitos que vivemos a maquinações da indústria da cultura e à proliferação das novas mídias. Existe uma ‟lenta, mas palpável transformação da temporalidade em nossas vidas, provocada pela complexa intersecção de mudança tecnológica, mídia de massa e novos padrões de consumo, trabalho e mobilidade”.

Mas a política segue apegada ao teatro clássico. Apegada  a uma ideia de representação de 2.500 anos atrás. Não espanta que não entenda nada do que está acontecendo agora. E mantenha o seu discurso cordial, que permite que escape da formalidade das novas exigências sociais.

Jornalista/Repórter.
Rubenn Dean Paul Alws
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