REPÓRTER. RUBENN DEAN
MAT.ABR.2013/0143
DRT.33.689-1RJ
Rio de Janeiro entra em estágio de alerta por causa das chuvas
O município do Rio entrou em estágio de alerta, o segundo mais grave em uma escala de quatro níveis, devido à chuva que atinge a cidade. De acordo com o Centro de Operações da prefeitura, o alerta foi emitido por causa de uma acumulação de chuva que estava sobre a Bacia da Guanabara no fim da madrugada e que se deslocou para a Bacia de Jacarepaguá.
Há vários pontos de alagamento em vias da cidade, o que provoca grandes engarrafamentos. A Avenida Radial Oeste, por exemplo, uma das principais vias de ligação da zona norte com o centro da capital, ficou fechada por vários minutos devido a bolsões de água.
Há alagamentos também na Avenida Brasil, principal via de ligação da zona oeste com o centro, o que complica os engarrafamentos que já são rotineiros no local.Duas linhas de trem da região metropolitana (Saracuruna e Belford Roxo) foram interrompidas devido à chuva. Uma queda de muro na Estação de Piedade, na zona norte da cidade, provoca atraso em outras três linhas (Deodoro, Santa Cruz e Japeri).A previsão é chuva moderada a forte, com a ocorrência de ventos nas próximas horas, de acordo com o Centro de Operações.
Estado pode ter dez dias seguidos de chuva a partir desta terça-feira
O Estado do Rio pode sofrer temporais durante dias seguidos a partir desta terça-feira. Segundo a Climatempo, a previsão vale para os próximos dez dias. O aumento da chuva deve ocorrer a partir da tarde de terça-feira, quando uma nova frente fria chega ao litoral do Rio de Janeiro, intensificando as áreas de instabilidade sobre toda a Região Sudeste.
Eventos de chuva forte e volumosa já ocorreram sobre a Região Metropolitana do Rio, a Região Serrana, o Norte e o Noroeste do estado na última semana de novembro e na primeira de dezembro. Esses locais receberam grandes volumes de chuva que elevaram o nível dos rios, causando enchentes, deslizamentos e até mortes, como na semana passada.
Quatro mortes após temporal
Quatro pessoas morreram devido à chuva que castigou o estado na noite de quinta-feira. As mortes aconteceram em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense; Cabo Frio, na Região dos Lagos; Barra de Guaratiba e Guaratiba, na Zona Oeste do Rio. Além dos óbitos, o temporal chegou a deixar regiões de 15 cidades, inclusive a capital, sem energia por horas.
Na Região Serrana, duas pessoas ficaram feridas em deslizamentos de terra em Petrópolis. A Defesa Civil da cidade registrou 50 ocorrências. Uma família ficou desalojada após ter sua casa soterradas. O Rio Quitandinha chegou a transbordar, alagando ruas do Centro Histórico.
Já na Baixada Fluminense, o município de Japeri foi um dos mais atingidos. Segundo a Defesa Civil municipal, trechos dos bairros de Mucajá, Delamare, Vila Conceição, Alecrim e Vila São Sebastião ficaram completamente alagados. Dezenas de famílias ficaram desalojadas e desabrigadas. No entanto, só o Rio Botas, em Caxias, transbordou.
No Rio, sirenes foram acionadas em oito comunidades para alertar moradores a deixarem suas casas. O temporal foi acompanhado de ventos que atingiram mais de 100 km/h, derrubando árvores em vários pontos. O Aeroporto Santos Dumont chegou a ser fechado na noite de quinta-feira. O temporal também prejudicou o funcionamento do metrô e dos trens.
Rio distribui cartilha de desocupação de áreas de risco
Com a formação de áreas de instabilidade sobre o Rio e a ameaça de fortes chuvas para os próximos dias, a Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) distribuiu 1,7 mil kits com cartilha explicativa, ímã de geladeira com orientações para desocupação, pasta impermeável para guardar documentos e uma capa de chuva, em áreas de risco de Teresópolis, Petrópolis e Nova Friburgo, na Região Serrana. No verão de 2011, centenas de moradores morreram e milhares ficaram desabrigados e desalojados, na maior tragédia climática da história do País. As obras nas áreas de risco, no entanto, até hoje não foram concluídas.
O valor investido nos kits não foi informado pela SEA. Já a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) afirmou que oferece bolsa de 300 reais para cada um dos 60 monitores que participam do curso de capacitação com o objetivo de guiar os moradores em caso de enchentes, deslizamentos e outros acidentes nas três cidades.
Nesta terça-feira, 10, o secretário estadual do Ambiente do Rio, Carlos Minc, esteve no Vale do Cuiabá, em Petrópolis, para participar de um simulado de enchentes com os moradores. Apesar da sirene da Defesa Civil e dos apitos dos monitores e voluntários, a adesão foi pequena.
"Não acho que esses kits façam diferença. Estamos acostumados com as chuvas e já sabemos como agir", afirmou a dona de casa Rosângela Cabral, moradora da região. De acordo com Rosângela, as medidas são apenas paliativas. Na quinta-feira, 5, ela quase perdeu o marido durante as fortes chuvas que caíram sobre o Estado. A água invadiu a casa onde mora com o companheiro e os quatro filhos e chegou até metade da parede.
Um vizinho chegou a tempo e conseguiu resgatar o marido de Rosângela. A casa da dona de casa, assim como da maioria dos moradores do Vale do Cuiabá, fica às margens do Rio Cuiabá. No entanto, a mata ciliar, que deveria servir de proteção e contenção da água, foi retirada de diversos trechos, deixando uma grande área livre para a água chegar até as residências.
Desde 2011, são feitas obras de alargamento de calha nos Rios Carvão, Santo Antônio e Cuiabá. Outras obras importantes como as de reconstrução de pontes, construção de moradias e reflorestamento não foram executadas. Apesar dos investimentos em obras e da distribuição dos kits, o assessor de Meio Ambiente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio (Crea-RJ), Adacto Benedito, afirma que o trabalho emergencial não é eficaz e teme outras tragédias. Segundo Benedito, o mais eficaz seria fazer obras preventivas e, nas épocas de estiagem, reflorestar as áreas de preservação permanentes.
"Para controlar as enchentes, basta cumprir a lei. O Código Florestal estabelece as normas a serem cumpridas e as áreas a serem preservadas, mas não é seguido." Ele afirma que seria melhor atuar nas bacias hidrográficas e construir barragens contra cheias nos rios e morros. Desde ontem, o Sistema de Alerta de Cheias do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) mantém todos os rios em estado de atenção.
Na capital fluminense, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, comentou a situação dos moradores da serra. "Apesar das restaurações, ainda há muitos problemas de ocupação ilegal em áreas de preservação permanente, como as beiras de rios. As cidades precisam ser mais sustentáveis, regularizar a situação dessas pessoas e ter um sistema de alerta de chuva.
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