FIRJAN: Rio tem 99% dos municípios com
desenvolvimento de moderado a alto
REPÓRTE
RUBEM DE PAULA
Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal aponta que a cidade de Porto Real assumiu a liderança no estado
Criado
pelo Sistema FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de
Janeiro) para acompanhar a evolução socioeconômica dos 5.565 municípios
brasileiros, o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) revelou
em sua quinta edição, com dados de 2010, que no estado do Rio de
Janeiro quase todos os municípios fluminenses (99%) apresentam nível de
desenvolvimento de moderado a alto. Das 92 cidades do estado, apenas
Trajano de Morais está em nível de desenvolvimento regular, enquanto 12
aparecem com alto grau de desenvolvimento, o dobro da quantidade
verificada em 2009.
Com
periodicidade anual, recorte municipal e abrangência nacional, o IFDM
considera três áreas de desenvolvimento - Emprego & Renda, Educação e
Saúde - e utiliza-se de estatísticas oficiais divulgadas pelos
Ministérios do Trabalho, Educação e Saúde. Em 2012, os dados oficiais
mais recentes disponíveis são de 2010, o que possibilitou uma análise
detalhada das transformações sociais que marcaram o Brasil na primeira década dos anos 2000.
O estudo começou em 2008, comparando os anos de 2005 e 2000, e permite
determinar com precisão se a melhora ocorrida em determinado município
foi decorrente de medidas políticas ou apenas reflexo da queda de outro
município. O índice varia de 0 (mínimo) a 1 ponto (máximo) para
classificar o nível de cada localidade em quatro categorias: baixo (de 0
a 0,4), regular (0,4001 a 0,6), moderado (de 0,6001 a 0,8) e alto
(0,8001 a 1) desenvolvimento. </
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Itaguaí entrou para a lista dos 10 melhores desempenhos do estado
Na
lista de 10 maiores IFDMs do estado do Rio de Janeiro, há apenas um
município que não integrava o grupo em 2009: Itaguaí. Com expressivo
crescimento na categoria de Emprego & Renda, Itaguaí
atingiu alto grau de desenvolvimento e saltou dez posições no ranking
estadual, do 19º lugar, quando tinha IFDM de 0,7520 pontos, para a 9ª
posição (0,8186). Em 1° lugar, aparece Porto Real, que
impulsionado pelo maior dinamismo do mercado de trabalho em 2010,
assumiu a liderança no estado, que antes era de Niterói. A capital Rio
de Janeiro cresceu 0,7% entre 2009 e 2010, mas perdeu a 2ª colocação
para Rio das Ostras, passando a ocupar o 6° lugar.
A lista completa do Top 10 é composta pelas seguintes
cidades: Porto Real (0,8655); Rio das Ostras (0,8624); Resende (0,8614);
Niterói (0,8599); Angra dos Reis (0,8541); Rio de Janeiro (0,8501);
Volta Redonda (0,8469); Macaé (0,8356); Itaguaí (0,8186) e Teresópolis
(0,8110).
No
outro extremo, seis municípios continuaram em 2010 e ntre os 10 menores
IFDMs do estado, apenas com alternância de posições: Laje do Muriaé
(0,6221), Japeri (0,6196), Silva Jardim (0,6137), Guapimirim (0,6120),
Carmo (0,6096) e Trajano de Morais (0,5828), na última posição. Apesar
da permanência entre os 10 menores IFDMs do estado, é importante
ressaltar o avanço de 8,1% de Japeri, que ocupava a última colocação
estadual um ano antes. Com melhoras nas vertentes Emprego & Renda e Educação,
a cidade migrou de um estágio de desenvolvimento regular para moderado,
galgando seis posições na classificação estadual. No sentido oposto, o
município de Cantagalo (0,6368) registrou a maior perda de posições,
caindo da 51ª para a 83ª colocação, devido a quedas no IFDM Emprego & Renda e Saúde.
Em
uma análise da década, entre 2000 e 2010, é importante destacar os
municípios que mais avançaram em termos socioeconômicos: Angra dos Reis,
Rio das Ostras, Teresópolis e Volta Redonda. Nas quatro cidades,
especialmente as duas primeiras, destacou-se o avanço da vertente
Emprego & Renda.
Recuperação frente à crise econômica mundial
A
média brasileira do IFDM atingiu 0,7899 pontos em 2010, um crescimento
de 3,9% em relação a 2009, mantendo-se na faixa de classificação de
desenvolvimento moderado. Os dados refletem não só a recuperação da
economia brasileira frente à crise mundial de 2008 e 2009, mas também
avanços nas áreas de Emprego & Renda e Educação.
A
principal contribuição para a média brasileira partiu da vertente
Emprego & Renda. O indicador manteve-se na faixa moderada, mas
aumentou 8,6% em apenas um ano, passando de 0,7286 para 0,7914 pontos,
como resultado da geração recorde de mais de dois milhões de empregos em
2010. Apesar do significativo crescimento, o IFDM Emprego & Renda
avançou em pouco mais da metade (52,2%) das cidades brasileiras, onde
foram gerados 75% dos empregos com carteira assinada em 2010, revelando
que o mercado formal de trabalho brasileiro ainda é concentrado.
A
categoria Educação manteve a tendência de evolução observada nos
últimos anos e alcançou 0,7692 pontos, desenvolvimento moderado. A
pontuação representou um avanço de 2,5% em comparação com o ano
anterior, com crescimento em 81,5% dos municípios. Em particular,
destacou-se a expansão no atendimento da educação infantil no Brasil,
que em 2010 progrediu em mais de 80% das cidades. A quantidade de
crianças em idade pré-escolar matriculadas no país subiu de 34,9% em
2009 para 40,1% no ano seguinte.
Na
Saúde, o indicador ficou praticamente estável, mas manteve-se em
patamar de alto desenvolvimento, atingindo 0,8091 pontos: crescimento de
0,9% em 2010, quando 64,8% dos municípios avançaram nessa área de
desenvolvimento. Entre as variáveis de saúde básica acompanhadas pelo
estudo, o destaque de 2010 ficou para o aumento do número de gestantes
com sete ou mais consultas pré-natal, o que ocorreu em quase 70% do
país. Ainda assim, apenas 5,3% dos municípios têm mais de 90% das gestantes fazendo pré-natal corretamente.
Nordeste foi a região que mais evoluiu na década: 97,8% das cidades apresentaram crescimento do IFDM
Os
resultados do IFDM revelam a expressiva transformação socioeconômica
pela qual passou o Brasil na última década. Dos 5.565 municípios
brasileiros, 2.055 (36,9%) ascenderam à condição de desenvolvimento
moderado a alto em dez anos.
No
entanto, as análises regionais confirmam que as desigualdades regionais
persistem. As regiões Sul e Sudeste predominam entre os 500 maiores
IFDMs, com 91,2% de participação em 2010, enquanto Norte e Nordeste
representam a maioria (96,4%) entre os 500 municípios com menores
desempenhos.
Na última década a região Sul se consolidou como a mais
desenvolvida do Brasil. Praticamente todos os municípios (96,6%, 1.119
cidades) evoluíram no período. Em 2010, 97,2% dos municípios (1.126)
foram classificados com desenvolvimento de moderado a alto, enquanto
esse percentual era de 55,1% (638 municípios) em 2000.
A
região Sudeste se destacou na última década, quando 93,9% (1.464) de
seus municípios registraram crescimento do IFDM. O Sudeste concentra as
cidades mais desenvolvidas do país: 86 dos 100 maiores IFDMs são da
região. No entanto, quando comparada ao Sul, revela-se mais desigual:
10,4% dos municípios estão abaixo de 0,6 pontos (de regular a baixo
desenvolvimento), proporção três vezes superior ao Sul.
O
estudo revela ainda que o Centro-Oeste se aproximou do patamar do
Sudeste. Em 2010, 88,5% dos municípios da região registraram IFDM acima
de 0,6 pontos, percentual muito próximo ao observado na região Sudeste
(89,7%). Dos 465 municípios da região, 327 ascenderam à condição de
desenvolvimento moderado a alto na última década. Em 2000, apenas 18,4%
dos municípios do Centro-Oeste estavam nessa situação.
Em
dez anos, o Nordeste foi a região brasileira que mais evoluiu: 97,8%
(1.748 municípios) das cidades apresentaram crescimento do IFDM. Ainda
assim, 67,6% (1.217) dos municípios ainda apresentam IFDM abaixo de 0,6
pontos, em nível de desenvolvimento baixo ou regular.
A
região Norte destoou das demais regiões do país, não só pela baixa
pontuação alcançada por seus municípios no IFDM, mas pela lenta evolução
ao longo da década. A região tem a maior proporção de municípios
classificados com desenvolvimento baixo ou regular (abaixo de 0,6
pontos): 77,7% (351 cidades). Além disso, 8% (38 municípios) regrediram e
estão em situação pior do que a registrada em 2000. No Norte do país,
apenas dois municípios possuem alto desenvolvimento: as capitais Palmas
(TO) e Porto Velho (RO).
Palmas (TO) foi a capital que mais evoluiu na década: crescimento de 40%
Na
década, a capital que mais evoluiu foi Palmas (TO), que subiu de 0,6155
pontos em 2000 para 0,8644 em 2010, uma variação de 40,4%, alcançando o
6° lugar no ranking mais recente.
Em
2010 as três primeiras colocações do IFDM no ranking das capitais
brasileiras novamente ficaram com Curitiba (0,9024 pontos), São Paulo
(0,8969) e Vitória (0,8927), que desde 2005 se revezam no topo da lista.
No restante da tabela, vale destacar o desempenho de Porto Velho, em
15° lugar, capital que entrou no rol de municípios com classificação de
alto desenvolvimento, atingindo 0,8072 pontos.
Também
integram o grupo, além dos três primeiros colocados, Belo Horizonte
(0,8756 pontos - 4° lugar); Florianópolis (0,8737 - 5° lugar); Palmas
(0,8644 - 6° lugar), Goiânia (0,8610 - 7° lugar), Campo Grande (0,8578 -
8° lugar), Rio de Janeiro (0,8501 - 9° lugar), Porto Alegre (0,8329 -
10° lugar), Cuiabá (0,8292 - 11° lugar), Recife (0,8258 - 12° lugar),
Teresina (0,8181 - 13° lugar) e Natal (0,8156 - 14° lugar).
O
IFDM Emprego & Renda manteve-se acima de 0,8 pontos em todas as
capitais brasileiras, com exceção da última colocada, Manaus, que,
apesar de figurar novamente na 26ª posição, cresceu 3,6% de 2009 para
2010, passando de 0,6798 pontos para 0,7043.
Santa Catarina, Minas Gerais e Rio Grande do Sul: primeira vez no patamar de alto desenvolvimento no ranking estadual
Embora
o IFDM seja um indicador que acompanhe o desempenho dos municípios, a
divulgação das estatísticas oficiais dos estados também permite a
criação de um ranking comparando o desempenho das 27 unidades de
federação do país, incluindo o Distrito Federal. Na lista, São Paulo
(0,8940 pontos) e Paraná (0,8427) mantiveram as duas primeiras
colocações pelo sexto ano consecutivo.
O grande destaque ficou para Santa Catarina (0,8261),
estado que alcançou grau de alto desenvolvimento e assumiu a 3ª
colocação, que pertencia ao Rio de Janeiro (0,8230). Em 5º e 6° lugares,
aparecem Minas Gerais (0,8197 pontos) e Rio Grande do Sul (0,8190), que
também integram pela primeira vez o rol dos estados com alto grau de
desenvolvimento. Com essas conquistas, o número de estados com a melhor
classificação passou de três em 2009 para seis em 2010.
Na
parte de baixo do ranking dos estados, Alagoas seguiu com o pior
desempenho: praticamente não evoluiu no IFDM 2010, mantendo-se como o
único estado brasileiro com grau de desenvolvimento regular (abaixo de
0,6 pontos): 0,5943 pontos.
Em
relação a 2009, as maiores variações no IFDM ficaram com o Pará (5,2%)
que alcançou o patamar de desenvolvimento moderado; Pernambuco (6%) e
Maranhão (4,8%). Nos três estados, a principal contribuição para o
crescimento do IFDM partiu da vertente Emprego & Renda.
O
único estado a apresentar variação negativa do IFDM (-1,1%) em 2010 foi
Roraima, também sob influência da vertente Emprego & Renda. O
estado não avançou nessa área, com redução na remuneração de seus
trabalhadores e pouca oferta de novos postos de trabalho. Com isso,
perdeu três colocações no ranking dos estados, caindo da 18ª posição
(0,6538 pontos), em 2009, para a 21ª (0,6464), no ano seguinte.
Seis cidades do país em condição de baixo desenvolvimento: apenas 3 mil empregos para 120 mil habitantes
Em
2010, seis cidades ainda apresentaram classificação de baixo
desenvolvimento (IFDM abaixo de 0,4 pontos) no país, localizadas no
Norte e Nordeste: Jordão (AC); São Paulo de Olivença (AM); Tremedal
(BA); Bagres (PA); Porto de Móz (PA) e Fernando Falcão (MA). Em
comum, as seis cidades com pior desempenho no IFDM têm graves lacunas
em todas as vertentes acompanhadas pelo IFDM, apresentando uma realidade
socioeconômica precária.
Para se ter uma ideia, em 2010, as seis cidades juntas
somavam pouco mais de 3,2 mil postos formais de trabalho para uma
população total de mais de 120 mil habitantes. No Brasil, são 46 milhões
de empregos com carteira assinada para 190 milhões de habitantes. Do
grupo, a cidade que gerou mais postos de trabalho em 2010 foi Bagres
(PA), com apenas três vagas. Em cinco dos seis municípios houve redução
do salário médio frente a 2009, enquanto apenas 25% das crianças de até
seis anos estão em creches e pré-escola (No Brasil, a média é de 40%).
Na maioria desses municípios, não há sequer 10% de seus professores com
diploma de ensino superior. Na cidade de Jordão (AC), apenas 3,1% dos
docentes tem essa qualificação, enquanto a média observada no país é de
74%.
No
quesito saúde, a situação também é preocupante. Enquanto a Organização
Mundial da Saúde recomenda que as gestantes façam, no mínimo, sete
consultas durante o pré-natal, o que ocorreu com 58% das grávidas
brasileiras, nas cidades de Jordão (AC), Fernando Falcão (MA) e Porto de
Moz (PA), menos de 10% das gestantes foram ao médico mais de seis
vezes. Em São Paulo de Olivença (AM), menos de 1%.
Dos 100 melhores resultados em Educação, 98 são cidades de São Paulo
O
estado de São Paulo manteve liderança esmagadora no ranking de
Educação: dos 100 melhores resultados de 2010, 98 são paulistas, sendo
nove com nota máxima (1 ponto): Marapoama, Meridiano, Taguaí, Fernão,
Santa Salete, Turmalina, Rubineia, Dolcinópolis, Oscar Bressane (sendo
os dois últimos repetindo o desempenho de 2009). Entre os 500 melhores,
486 são paulistas. Na sequência, aparecem os estados de Minas Gerais
(26), Santa Catarina (14), Rio Grande do Sul (14) e Espírito Santo (14).
Entre os 500 piores resultados nessa vertente, a Bahia segue com o
maior número de municípios (191), seguida pelo Pará (68).
Entre 2000 e 2010, quase todos os municípios brasileiros
(mais de 98%) avançaram em Educação, o que reforça a existência de reais
e contínuos avanços na área de educação no Brasil. Em 2010, 88,2% dos
municípios foram classificados com desenvolvimento moderado e alto
(acima de 0,6 pontos), percentual mais de duas vezes superior aos 39,7%
do IFDM de Educação de 2000.
Apesar
de a principal contribuição para o crescimento da média brasileira do
IFDM tenha partido da vertente Emprego & Renda, apenas 152 dos 5.565
municípios brasileiros receberam classificação de alto desenvolvimento
(IFDM acima de 0,8 pontos) em 2010. Há dez anos, mais de 95% dos
municípios se encontravam em patamar de desenvolvimento baixo ou
regular, enquanto em 2010 esse número continuou alto: 87,8%. Em 2010,
apenas dois municípios alcançaram a nota máxima (1 ponto) na vertente
Emprego & Renda do IFDM: Ipojuca (PE), pelo segundo ano consecutivo,
e Araucária (PR).
No
IFDM Saúde 2010, apenas três municípios atingiram a nota máxima: Rancho
Alegre d'Oeste (PR), Dom Pedro de Alcântara (RS) e Santo Antônio de
Palma (RS). Na outra ponta do ranking de Saúde, o menor índice ficou com
São Paulo de Olivença (AM), com 0,4421 pontos. Pelo sexto ano
consecutivo, os municípios do Rio Grande do Sul são os mais
representativos no topo do ranking: 173 dos 500 maiores IFDMs de Saúde
são gaúchos. O Top 500 também teve participação expressiva dos
municípios dos estados do Paraná e de São Paulo: 113 e 84 municípios,
respectivamente.
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