Dilma diz que ódio não move comissão da verdade

Presidente se emociona durante a cerimônia de instalação da Comissão Nacional da Verdade (Foto: AE)A presidente Dilma Rousseff emocionou-se ao instalar nesta quarta-feira a Comissão da Verdade e disse que as investigações não serão movidas pelo ódio ou revanchismo, mas que o Brasil precisa conhecer a "totalidade de sua história".
"Ao instalar a Comissão da Verdade, não nos move o revanchismo, o ódio ou o desejo de reescrever a história de uma forma diferente do que aconteceu", disse a presidente.

Na cerimônia que deu posse aos integrantes da comissão, criada para esclarecer crimes e abusos contra direitos humanos cometidos no país entre 1946 e 1988, período que inclui o regime militar (1964-1985), Dilma afirmou ainda que a ignorância sobre a história não pacifica.
"O Brasil não pode se furtar a conhecer a totalidade de sua história. Trabalhamos juntos para que o Brasil conheça e se aproprie dessa totalidade da sua história", disse. "A ignorância sobre a história não pacifica, pelo contrário, mantém latente mágoas e rancores", acrescentou a presidente, que foi torturada e passou três anos presa durante o regime militar.
"A sombra e a mentira não são capazes de promover a concórdia. O Brasil merece a verdade", afirmou.
"As novas gerações merecem a verdade e, sobretudo, merecem a verdade factual aqueles que perderam amigos e parentes e que continuam sofrendo, como se eles morressem de novo a cada dia", declarou emocionada.
Integram a comissão o ministro do Superior Tribunal de Justiça Gilson Dipp, o ex-procurador-geral da República Cláudio Fontelles, o ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, o embaixador Paulo Sérgio Pinheiro, a psicanalista Maria Rita Kehl e os advogados Rosa Maria Cardoso da Cunha e José Paulo Cavalcanti Filho.
Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso, José Sarney e Fernando Collor de Mello participaram da cerimônia e foram citados por Dilma em seu discurso, pelo papel de seus governos na consolidação da comissão.
A comissão, cuja criação foi proposta em 2009, terá um prazo de dois anos para investigar as violações de direitos humanos ocorridas no período.
A lei que estabeleceu a Comissão da Verdade foi sancionada por Dilma em novembro do ano passado. Durante sua tramitação no Congresso, houve polêmica em torno do ponto que dava exclusivamente à presidente o direito de escolher os integrantes.

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