Obs:
Senado dos EUA aprova resolução que pede eleição livre no Brasil e repudia golpe.
Senador Bernie Sanders fala à imprensa antes de entrar no Congresso, em Washington; ele apresentou resolução em apoio à democracia no Brasil Foto: Alex Wong/AFP - 27/09/2022
NOVA YORK - Às vésperas das eleições brasileiras, o Senado dos Estados Unidos aprovou nesta quarta-feira, 28, por unanimidade, uma resolução que defende que a votação seja conduzida de maneira “livre, justa, crível, transparente e pacífica” no Brasil. Dentre os pontos aprovados, o Congresso reforça o coro para que os EUA reconheçam imediatamente o resultado das urnas e reveja a relação com o País diante de qualquer governo que alcance o poder de maneira antidemocrática, incluindo um golpe militar.
O documento expressa a posição e uma recomendação do Senado à Casa Branca e, embora não tenha força de lei, é mais um movimento no sentido de alertar os EUA quanto aos riscos à democracia no Brasil. Como pano de fundo, ataques constantes ao sistema eleitoral brasileiro, principalmente, por parte do presidente Jair Bolsonaro, que alega fraudes eleitorais, nunca comprovadas.
Apresentada no início do mês no Senado e em um movimento similar na Câmara dos EUA, a resolução foi patrocinada pelos senadores Bernie Sanders e Tim Kaine, que é presidente da Subcomissão das Relações Exteriores do Congresso para o Hemisfério Ocidental. Nenhum senador se opôs ao texto, incluindo os republicanos.
O texto aprovado hoje pelo Senado dos EUA não cita o presidente Bolsonaro, mas enfatiza a recorrência de questionamentos e tentativas de subversão ao sistema eleitoral brasileiro. Menciona ainda esforços para incitar a violência política, encorajando as Forças Armadas a intervir na eleição, cujo primeiro turno acontece no domingo, 2.
“Com esta votação, o Senado enviou uma mensagem poderosa de que estamos comprometidos em abraçar o povo do Brasil em apoio à democracia de seu País e continuamos confiantes de que as instituições eleitorais do Brasil garantirão uma votação livre, justa e transparente”, disse Kaine, em nota à imprensa.
Já o senador Sanders classificou como “inaceitável” os EUA reconhecerem um governo que chegue ao poder de forma não democrática e afirmou que, caso isso acontecesse, enviaria uma “mensagem horrível” ao mundo. “É importante que o povo brasileiro saiba que estamos do lado deles, do lado da democracia. Com a aprovação desta resolução, estamos enviando essa mensagem”, reforçou o senador. Sanders publicou em seu Twitter um trecho de seu discurso em defesa do texto.
Questionada na terça-feira, 27, se os EUA reconhecerão o resultado das eleições no Brasil de forma imediata, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, não quis se comprometer antes da votação, mas condenou atos de violência e reafirmou a confiança no sistema eleitoral brasileiro, como o governo americano já havia sinalizado anteriormente.
“Nós temos de confiar na fortaleza das instituições democráticas brasileiras... Continuaremos a monitorar de perto as eleições com plena expectativa de que as eleições sejam conduzidas de forma livre, justa, transparente e confiável”, disse, a jornalistas, em Washington.
Na semana passada, o novo porta-voz do Departamento de Estado dos EUA para países de língua portuguesa, Christopher Johnson, enfatizou ao Broadcast Político a importância de reconhecer a vontade do povo, mas também não quis se antecipar ao resultado das urnas. “É importante reconhecer a vontade do povo. Então, não posso falar antes de esses resultados chegarem. Mas vamos estar atentos aos resultados mesmo”, disse o diplomata, em entrevista, durante a 77ª Assembleia-Geral das Nações Unidas (AGNU).
Obs: (Na última vez em que o Brasil enfrentou um caos político semelhante ao visto agora, em 1964, os Estados Unidos, sob a liderança do democrata.
Lyndon Johnson, reconheceram imediatamente a gestão dos militares, que derrubaram um governo eleito de forma democrática.)
A Justiça Eleitoral barrou pelo menos 185 candidaturas com base na Lei da Ficha Limpa até 6ª feira (13.set.2022). O número é maior que o de 4 anos atrás, em 2018, quando 173 pessoas tiveram seus registros indeferidos com base na norma.
O número de “fichas sujas” para as eleições de 2022 ainda pode mudar. Isso porque há 138 candidatos que entraram com recurso contra decisões que indeferiram as candidaturas.
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