JORNALISTA/REPÓRTER.RUBENN DEAN PAUL ALWS ... MAT.ABR.2014/0143 , DRT.33.689-1RJ.
PARA NOSSO PREFEITO SR.CELEBRIDADE EDUARDO PÃES, TUDO ISSO É NORMAL. ELE VAI FICAR ATÉ 2016.
Trânsito do Rio transforma a vida de motoristas e passageiros num inferno
Caos na mobilidade urbana é um descaso com o trabalhador.
Relato da insatisfação da população em relação ao transtorno nas mudanças que vem ocorrendo no transito da capital do Estado do Rio de Janeiro. Mudança que vai acontecer na capital em 2016.
Percorrer os mais simples e curtos trajetos na cidade do Rio de Janeiro vem se transformando, nos últimos meses, num verdadeiro martírio para motoristas e passageiros. O inferno diário é provocado pelas inúmeras intervenções que o prefeito Eduardo Paes está implementando em diversas regiões, como o Centro e a Zona Oeste, mudando o tráfego de veículos, fechando vias e implodindo viadutos. As consequências, sobretudo para o trabalhador, são horas de suas vidas gastas no congestionamento, em ônibus lotados e condições subumanas. Paes põe fogo na cidade, transformando o dia a dia num caos tão grande quanto o desrespeito com o cidadão.
Chegar ao Centro do Rio tem representado um desafio para a auxiliar de serviços gerais Waldete Pereira da Silva Albuquerque, de 37 anos, que nos últimos meses está levando mais de duas horas no trajeto entre a sua casa, no subúrbio, até o Centro, onde ela trabalha. Segundo ela, o tempo estipulado para não pagar a segunda passagem com o Bilhete Único tem sido insuficiente. "Na empresa que eu trabalho, a presença é marcada no relógio de ponto, então tenho me prejudicado com os engarrafamentos. Já fui chamada a atenção pela minha chefia", conta ela.
A autônoma da área de saúde Luiza Tostes, de 57 anos, tem evitado o Centro da cidade. "Como eu saio sempre da Ilha do Governador, pego um dos piores trechos oficiais dos congestionamento, pela Linha Vermelha. Levo mais de uma hora até o Centro em um percusso relativamente pequeno. Mesmo me prejudicando um pouco no meu trabalho, estou indo ao Centro somente quando indispensável", disse.
O baiano Sidney Malta Bonfim, de 37 anos, esta na cidade há uma semana, após ser transferido por sua empresa que tem sede em Salvador. Assistente de Recursos Humanos e tendo que ser exemplo nos primeiros dias de serviço na nova praça, Sidney já chegou atrasado quatro vezes por causa do engarrafamento que enfrenta entre Bonsucesso, na Zona Norte, até o Centro, pela Avenida Brasil."Por ser uma grande cidade, não esperava encontrar tantas dificuldades no trânsito do Rio. Me assustei. Em Salvador tem congestionamento, mas a mobilidade funciona melhor e a gente não passa por esse desespero", disse o baiano.
O motoboy Jorge Cordeiro, de 47 anos, está percebendo o estresse dos motoristas em decorrência dos congestionamentos. "Quando eu saio de casa de manhã, peço a Deus muita tranquilidade para suportar o trânsito e a provocação dos outros motoristas. Tá uma pessoa descontando na outra os efeitos do estresse por causa dos engarrafamentos. Isso é perigoso demais e acaba com a saúde de qualquer um", disse o motoboy, que pretende pedir transferência no seu trabalho para o município que ele reside, em Niterói.
A enfermeira Rita de Cássia Cavalcante, moradora da Baixada Fluminense, tem levado quase três horas para chegar diariamente ao Centro no trajeto casa/trabalho. Ela ressalta os efeitos na saúde do trabalhador provocados pelo tempo excessivo na condução. "Aos poucos as pessoas vão adoecendo pelo estresse, e chega ao ponto de cair na produção, desistindo de trabalho e gerando para suas vidas problemas ainda mais graves", justifica
Trânsito faz mal à saúde
A infectologista Ana Cristina Garcia Ferreira alerta que a exposição por várias horas do dia a ambientes completamente lotados pode facilitar a transmissão de doenças. Ela explica que é preciso estar atento para a ventilação dos transportes públicos. “Você não tem uma ventilação adequada dentro dos transportes públicos: às vezes você tem o ar condicionado, às vezes você não tem nada. A questão da ventilação às vezes é insuportável. No caso específico do Rio, a gente tem uma incidência de tuberculose altíssima e, dentro do transporte público, a exposição acontece. Do ponto de vista infeccioso, você tem várias doenças que podem ser transmitidas por contato ou por via aérea”, conta.
A especialista explica que diversas doenças como gripe, tuberculose e até mesmo meningite podem ser transmitidas dentro dos transportes públicos lotados. “Até mesmo doenças de contato, como a catapora. Dentro do ônibus cheio, do metrô cheio você tem a transmissão bacteriana e não tem nada ali que ajude a melhorar isso, como um dispositivo de álcool em gel. Você poderia sim ter dispositivos de álcool em gel dentro de ônibus, por exemplo, mas não existe isso”, explica.
Como dentro dos ônibus, trens e metrôs as condições acabam não sendo as melhores para se prevenir de contrair doenças que muitas vezes podem ser graves, a infectologista recomenda também medidas preventivas antes do embarque. “A primeira conscientização tem que acontecer fora do transporte público, com a lavagem das mãos. Essa parte também é fundamental. Dentro do meio de transporte, a ventilação nem sempre é possível e daí não se tem mais muito que fazer”, diz.
Já o gastroenterologista e presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia, José Roberto de Almeida, explica os riscos para quem passa horas preso dentro do transporte público. “Se o indivíduo já tiver uma úlcera, uma gastrite, uma gastropatia, ela vai piorar. Isso também tende a piorar se a pessoa se alimenta mal. É o dia a dia dele: não dorme bem, não se alimenta bem. Além de problemas gastro, isso tudo leva o indivíduo a ter um desgaste físico que derruba suas defesas imunológicas."
O gastroenterologista lembra também que dentro dos ônibus estão tanto pessoas doentes quanto pessoas sadias. “As pessoas ficam expostas a uma série de coisas. Os ônibus andam superlotados e ainda tem a questão do estresse. Se ele já está debilitado, com fome, ele sofre uma queda imunológica. As pessoas enfrentam um transporte superlotado, em um trânsito tão caótico que elas fariam o trajeto mais rápido até se fossem a pé. Se ele já está doente, piora. Se não está, acaba ficando”, alerta.
O cirurgião ortopedista Luis Eduardo Carelli, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia do Rio de Janeiro, alerta quer a coluna vertebral também sofre com as longas jornadas das pessoas que precisam passar horas por dia dentro dos transportes públicos. Ele explica que o passageiro que viajam muitas horas em pé estão muitas vezes sujeito a dois cenários. “Essa pessoa pode ter fadiga muscular dos membros inferiores, então recomendamos que ela movimente as pernas sempre que possível. Além disso, tem o cenário da pessoa viajando em pé usando bolsa ou mochila. Ela precisa prestar atenção em dividir esse peso, sem deixar um membro só sobrecarregado, ou pode gerar um quadro de desvio lateral da coluna”, explica.
Quem tem a sorte de conseguir um lugar sentado também precisa ficar atento à postura – ou poderá ter problemas. Carelli conta que a forma desta pessoa se sentar pode gerar desconforto e prejuízo no futuro. O médico explica que, já que a pessoa precisa passar uma boa parcela do dia sentada no transporte público, o ideal é que ela sente com as costas totalmente encostadas no banco. “Se a pessoa não senta assim, ela fica com o centro de gravidade um pouco para a frente. Isso gera lombalgia, uma dor na coluna lombar, e dorsalgia, que é a dor na coluna dorsal. Se a pessoa não se senta adequadamente, isso piora uma deformidade na coluna e pode acarretar uma contratura muscular”, aponta o médico.
Especialistas de trânsito criticam intervenções
O especialista de transportes e professor do Centro de Tecnologia e Ciência da Uerj), Alexandre Rojas, critica as obras que não levaram em consideração a população. “Um dos motivos para os problemas atuais no trânsito do Rio são as interdições da região portuária, como o fechamento da Rodrigues Alves, que era o caminho para o Aterro do Flamengo, via Presidente Vargas. Além disso, as obras do Porto Maravilha também tiraram o acesso da Avenida Brasil e da ponte Rio-Niterói ao Aterro. A consequência disso são os túneis supersaturados e as vias alternativas lotadas” afirma, acrescentando: “A Perimetral foi derrubada porque desvalorizava uma área com participação de empreendimentos privados. A construção de um novo bairro, um investimento da prefeitura junto a empresas do setor privado, não levou a população em consideração.”
Para Rojas, a Via Binária e a Via Expressa deveriam ter sua construção concluída antes que a Perimetral fosse posta abaixo. Além disso, o especialista afirma que falta planejamento integrado. "Em 1988 a gestão dos transportes foi municipalizada, então não tem um planejamento metropolitano integrando as cidades, e sim um planejamento para cada cidade. O Rio de Janeiro recebe pessoas de outras cidades, gente que vem de Niterói, Nova Iguaçu, para trabalhar aqui. Sem esse planejamento integrado, aumenta o número de pessoas, mas a infraestrutura continua a mesma. Até agora não se criou uma solução para isso”, diz.
E Rojas destaca que quem sofre com isso é justamente a classe mais pobre. "Tem que ter planejamento das áreas periféricas. A forma de reivindicar das pessoas que moram na periferia é engolir em seco e, quando acontece alguma coisa, as pessoas explodem. O resultado são as manifestações violentas. As quebradeiras são uma resposta. Os pobres sempre pagam.”.
O professor Paulo Cezar Ribeiro, do setor de Engenharia de Transportes da UFRJ-Coppe, também destaca que a interrupção da Perimetral e da Rodrigues Alves tem causado reflexos no Centro e na Zona Sul, já que não há uma alternativa que dê vazão à quantidade de carros.
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