REPÓRTER RUBENN DEAN.
MAT.ABR.2013/0143
PREVENÇÃO DO CÂNCER
Ministério da Saúde incorpora vacina contra HPV ao SUS
Meninas de 10 e 11 anos serão protegidas contra quatro
variáveis do vírus, que são responsáveis por 70% dos casos de câncer de
colo do útero; vacina será produzida por meio de parceria entre Butantan
e Merck
O Ministério da Saúde anunciou nesta segunda-feira (1) a
incorporação ao Sistema Único de Saúde (SUS) da vacina contra o
papilomavírus (HPV), usada na prevenção de câncer de colo do útero. Já
em 2014, meninas de 10 e 11 anos receberão as três doses necessárias
para a imunização, mobilizando investimentos federais de R$ 360,7
milhões na aquisição de 12 milhões de doses.
É a primeira vez que a população terá acesso gratuito a uma vacina
que protege contra câncer. A meta é vacinar 80% do público-alvo, que
atualmente soma 3,3 milhões de pessoas. O vírus HPV é responsável por
95% dos casos de câncer de colo do útero, segundo que mais atinge
mulheres, atrás apenas do mamário.
”Está é mais uma medida para enfrentarmos o problema do câncer de
colo do útero, um problema que ainda é grande no país, em especial na
região norte. Vamos preparar muito bem este público (meninas de 10 e 11
anos), suas famílias, e reforçar a estratégia envolvendo as escolas e os
professores para provocar uma grande sensibilização”, afirmou o
ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Ele destacou ainda que a vacinação
reduz a circulação do vírus no país.
A vacina que estará disponível na rede pública é a quadrivalente,
usada na prevenção contra quatro tipos de HPV (6, 11, 16 e 18). Dois
deles (16 e 18) respondem por 70% dos casos de câncer. No escopo do
acordo entre Ministério da Saúde e os fabricantes da vacina - Butantan e
Merck Sharp & Dohme (MSD), que atuarão em parceria tecnológica –
está prevista a possibilidade de uso da versão nonavalente, que agregará
outros cinco sorotipos à vacina.
A vacina para prevenção da doença tem eficácia comprovada para
pessoas que ainda não iniciaram a vida sexual e, por isso, não tiveram
nenhum contato com o vírus. A escolha do público-alvo levou em
consideração evidências científicas, estudos sobre o comportamento
sexual e a avaliação de especialistas que atuam no Comitê Técnico
Assessor de Imunizações (CTAI) vinculado ao Ministério da Saúde.
ESTRATÉGIA DE VACINAÇÃO - As três doses serão
aplicadas, com autorização dos pais ou responsáveis das
pré-adolescentes, de acordo com o seguinte esquema: após a aplicação da
primeira dose, a segunda deverá ocorrer em dois meses e a terceira, em
seis meses.
Para chegar com mais agilidade ao público-alvo e ampliar a adesão à
proteção contra o HPV, a estratégia será mista: a imunização ocorrerá
tanto nas unidades de saúde quanto nas escolas. Após o primeiro ano de
imunização, a oferta deverá passar de 12 milhões de doses para 6 milhões
de doses por ano, pois parte do público-alvo já estará imunizado.
A incorporação da vacina complementa as demais ações preventivas do
câncer de colo do útero, como a realização do Papanicolau e o uso de
camisinha em todas as relações sexuais. “É uma vacina para proteger para
o futuro, mas que não elimina as medidas de saúde que já estão sendo
tomadas pelas mulheres para se proteger do vírus”, reforçou o secretário
de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa.
PRODUÇÃO NACIONAL – A introdução da vacina no SUS
foi possível por conta de acordo parceria para o desenvolvimento
produtivo (PDP), com transferência de tecnologia entre o laboratório
internacional Merck Sharp & Dohme (MSD) e o Instituto Butantan, que
passará a fabricar o produto no Brasil. “A medida confirma o esforço do
governo brasileiro em aliar inovação tecnológica às necessidades
sociais. Estamos produzindo uma vacina, desenvolvendo tecnologia e
gerando economia aos cofres públicos”, disse o secretário de Ciência,
Tecnologia e Inovação do ministério, Carlos Gadelha.
O Ministério da Saúde pagará cerca de R$ 30 por dose, o menor preço
já praticado no mercado – 8% abaixo do valor do Fundo Rotatório da
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAs). A expectativa, em cinco anos,
é de um valor 34% menor ao custo atual. Com isso, será possível
economizar cerca de R$ 200 milhões (ou US$ 91 milhões) no período, com a
queda do custo de US$ 543 milhões para US$ 452,5 milhões. Nesse
período, o laboratório público passará a ter domínio de todas as etapas
para a produção do insumo.
A economia estimada na compra da vacina durante o período de
transferência de tecnologia anos é de R$ 154 milhões. Além disso, a
produção do imunobiológico contará com investimento de R$ 300 milhões
para a construção de uma fábrica de alta tecnologia pelo Instituto
Butantan, baseada em engenharia genética. “A incorporação dessa vacina
vai representar muito em termos de desenvolvimento tecnológico. Foi um
processo muito transparente em que se buscou o interesse nacional”,
ressaltou o diretor do Instituto, Jorge Kalil.
O Ministério da Saúde oferta 26 vacinas através do Programa Nacional
de Imunizações. Destas, 98% já são fabricadas no Brasil ou estão em fase
de incorporação da tecnologia.
A vacina contra o HPV é mais um dos produtos biológicos que será
fabricado pelo Brasil por meio de uma Parceria para o Desenvolvimento
Produtivo (PDP) articulada pelo Ministério da Saúde. Com esse novo
acordo, o país passará a produzir 26 biológicos. Além da vacina para
HPV, destacam-se medicamentos para câncer de mama, leucemia e artrite
reumatoide.
Atualmente, os biológicos consomem 43% dos recursos do Ministério da
Saúde com medicamentos, cerca de R$ 4 bilhões por ano, apesar de
representarem 5% da quantidade adquirida.
SOBRE O HPV – O HPV é capaz de infectar a pele ou as
mucosas e possui mais de 100 tipos. Do total, pelo menos 13 têm
potencial para causar câncer. Estimativa da Organização Mundial da Saúde
(OMS) aponta que 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras do
HPV, sendo que 32% estão infectadas pelos tipos 16, 18 ou ambos. No
Brasil, a cada ano, 685.400 pessoas são infectadas por algum tipo do
vírus.
Em relação ao câncer de colo do útero, a cada ano, 270 mil mulheres
no mundo morrem por conta da doença. No Brasil, 5.160 mulheres morreram
em 2011 em decorrência da doença. Para 2013, o Instituto Nacional do
Câncer estima o surgimento de 17.540 novos casos.
O Ministério da Saúde orienta que as mulheres dos 25 aos 64 anos
façam o exame preventivo, o Papanicolau, anualmente. Em 2012, foram 11
milhões de exames no SUS, o que representou investimento de R$ 72,6
milhões. Do total, 78% foram na faixa etária prioritária.
No ano passado, o investimento no atendimento e expansão dos serviços
para tratamento de câncer na rede pública de saúde foi de R$ 2,4
bilhões, 26% maior que em 2010.
O Ministério da Saúde também está desenvolvendo o Plano de Expansão
dos Serviços de Radioterapia, com aplicação de R$ 506 milhões na criação
de 41 novos serviços de radioterapia e ampliação de outros 39. Cada um
dos 80 serviços de radioterapia receberá um aparelho Acelerador Linear.
Existem, atualmente, 277 estabelecimentos disponíveis para o
atendimento e tratamento do câncer. Em 2011 foram habilitados dez
hospitais, em 2012 foram onze e em 2013 já são nove novos hospitais
habilitados.
JORNALISTA
RUBENN DEAN
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