matéria do estado do rio de janeiro

Microcrédito impulsiona economia

Pequenos empreendedores ampliam negócios e geram renda em comunidades pacificadas

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“Ser empreendedor é plantar para colher”. A frase do comerciante Antônio Custódio, morador do Santa Marta, em Botafogo, reflete a nova realidade de comunidades pacificadas, que estão se tornando regiões economicamente ativas. Para incentivar o desenvolvimento socioeconômico de favelas com Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) e ajudar pequenos empresários a expandir seus negócios, o Governo do Estado oferece microcréditos através da Investe Rio (Agência de Fomento do Rio), da Secretaria de Desenvolvimento Econômico.

Empresários sonham com futuro melhor

O comerciante Antônio Custódio, de 59 anos, proprietário do Bar Sr. Antônio Tota, formalizou o negócio de mais de 30 anos no Santa Marta, e colocou seu barzinho na lista dos mais populares do bairro de Botafogo. Primeiro a receber o crédito em sua comunidade, ele usou os três primeiros financiamentos para capital de giro.

– No próximo financiamento, também de R$ 8 mil, vou investir na reforma do banheiro. Com a pacificação, começamos a receber turistas e visitantes. Isso me incentivou a melhorar a infraestrutura – afirmou Antônio.

O ateliê do artesão Luiz Carlos Ferreira, na comunidade do Fallet, em Santa Teresa, ganhou um upgrade após o crédito. Além de matérias-primas (madeira reciclada e azulejos), Luiz comprou ferramentas.

– Se não tivesse conseguido o empréstimo, os negócios estariam devagar. Meu sonho agora é aumentar o ateliê – disse o artesão.

Fundo UPP terá postos avançados

A Investe Rio oferece empréstimos desde 2010. Em abril deste ano, micro e pequenos empreendedores ganharam um novo canal de crédito, gerando renda na Rocinha, Santa Marta, Fallet, Complexo do Alemão e Pavão-Pavãozinho. As linhas de financiamento, que podem chegar a R$ 15 mil com juros de 3% ao ano, são disponibilizadas pelo Fundo UPP Empreendedor, que terá postos avançados nas favelas.  No total, já foram realizadas 34 operações, com empréstimo de R$ 110.665,00.

 – Nas comunidades pacificadas, o microcrédito trouxe uma economia saudável. Atendemos empreendedores que não conseguem crescer por falta de capital de giro. Abraçamos o informal para que cresça e venha se tornar um formal, gerando empregos – afirmou a chefe do Departamento de Microfinanças da Investe Rio, Isabel Belém.

A Secretaria de Trabalho e Renda também oferece linhas de crédito através do Microcrédito Produtivo, programa do Banco do Brasil. A iniciativa visa conceder crédito rápido e sem burocracia.

Maioria deseja ter o próprio empreendimento

A ex-empregada doméstica transformou seu dom culinário em um pequeno empreendimento. Com auxílio de dois empréstimos, no total de R$ 3,5 mil, Neusa Maria da Silva e o marido, Salvador, abriram uma microempresa no Santa Marta, que fornece feijoada, salgadinhos e docinhos. Após ampliar a cozinha, ela sonha alto: pretende ser dona de uma lanchonete.

– Nunca imaginei que pudesse ser uma microempreendedora. Usei os financiamentos para comprar um fogão industrial, novas panelas e aumentar a minha casa – disse Dona Neusa.

Pesquisa encomendada pela Secretaria de Trabalho e Renda revela que 64% dos 3.816 moradores entrevistados em 17 comunidades pacificadas querem ter seus próprios negócios. O número é maior do que de países como Estados Unidos (55%) e Japão (39%), por exemplo.

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