matéria da região serrana do estado do rio de janeiro

Produção de orgânicos cada vez mais forte na Região Serrana

Cultivo fortalece agricultura familiar em municípios afetados pelo temporal de 2011

Os produtos orgânicos vem ocupando espaços cada vez maiores no cotidiano das pessoas. Seja nas prateleiras dos supermercados, nos restaurantes ou nas feiras, os orgânicos nunca estiveram em tanta evidência. São frutas, hortaliças, grãos, derivados do leite e carnes produzidos com respeito ao meio ambiente e sem a utilização de substâncias que coloquem em risco a saúde do homem do campo e dos consumidores.

Alimentos orgânicos (origem vegetal e animal) são aqueles obtidos em sistemas de produção onde não são utilizados agrotóxicos, adubos químicos ou substâncias sintéticas. Têm como base princípios agroecológicos que contemplam o uso responsável do solo, da água, do ar e dos demais recursos naturais. Tudo isso para reduzir a contaminação e o desperdício desses elementos, contribuindo, assim, para o desenvolvimento sustentável.

No Estado do Rio, a região Serrana é pioneira nesse tipo de cultivo. Em São José do Vale do Rio Preto, todos os 20 produtores orgânicos são certificados pelo SPG (Sistemas Participativos de Garantia). Na localidade Morro Grande, na microbacia de mesmo nome, vivem os irmãos Sérgio e Luiz Carlos Gonçalves Botelho, que abandonaram o sistema convencional há 17 anos. Com incentivo da Emater-Rio, apostaram nas hortaliças orgânicas, sendo o chuchu o principal produto cultivado. Cada um deles, produz, em média, 650 quilos de chuchu mensalmente, escoados para mercados e feiras especializados em Petrópolis e Teresópolis.

Sérgio, que vive com a família no lugar há 25 anos, também se dedica à produção de tomate cereja, vagem, ervilha, pimentão e a criação de galinhas e gansos. Segundo ele, a transição para o orgânico foi positiva, tanto pela lucratividade, quanto pela compensação ambiental. O irmão tem opinião semelhante. Para Luiz Carlos, os produtos possuem mais qualidade e preço fixo o ano todo. “Trabalhamos em parceria com a natureza”, resumiu o agricultor, que é membro do Comitê Gestor da Microbacia (Cogem) e um dos beneficiários do Rio Rural no município.

Em Petrópolis, o produtor Levi Gonçalves de Oliveira, da microbacia Brejal, foi um dos primeiros a investir nos orgânicos, há mais de 30 anos. Produz legumes e verduras certificados e mantém uma pequena criação de galinhas e cabras. Escoa sua produção para colégios, restaurantes e feiras especializadas da Capital, além de participar do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA Orgânico), do governo federal.
Por conta do tragédia de 2011, Levi perdeu 80% de sua lavoura. Com apoio financeiro do Rio Rural Emergencial - R$ 5 mil não reembolsáveis - e assistência técnica da Emater-Rio, retomou sua atividade produtiva. “Não quis desistir. Estamos crescendo cada vez mais. A demanda por produtos orgânicos é tão grande que acabo não conseguindo atender todas as feiras”, afirmou.

Incentivo à conversão

Para estimular as práticas agroecológicas e apoiar quem já atua na área, a secretaria estadual de Agricultura e Pecuária criou o programa Cultivar Orgânico, que prevê recursos financeiros para investimento nas lavouras e assistência técnica para produção e a aproximação com os circuitos de comercialização. Para ter acesso ao programa, o interessado deve obter mais informações nos escritórios locais da Emater-Rio.

O que são Sistemas Participativos de Garantia (SPG)?

No Brasil, a qualidade dos produtos orgânicos é garantida por diferentes maneiras. Uma delas é pelos Sistemas Participativos de Garantia (SPG), que caracterizam-se pelo controle social, pela participação e pela responsabilidade solidária no cumprimento dos regulamentos da produção orgânica.

Um SPG é composto pelos próprios membros do sistema - fornecedores (produtores rurais, distribuidores, armazenadores e transportadores) e colaboradores (consumidores e organizações) - e por um Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade (OPAC), que é a entidade que assume a responsabilidade pelas atividades desenvolvidas num SPG. No território fluminense, esse OPAC é a Associação de Agricultores Biológicos do Estado do Rio de Janeiro (Abio).

Os SPGs promovem visitas de verificação nas propriedades para troca de experiências entre os participantes. Elas acontecem, no mínimo, uma vez ao ano. Os responsáveis pela vistoria precisam ter acesso livre às instalações e registros das unidades de produção. Na Serra, existem quatro grupos de SPG: Petrópolis, Teresópolis, São José do Vale do Rio Preto e Nova Friburgo (que inclui produtores de Sumidouro, Bom Jardim e Duas Barras). 

De acordo com o consultor em agroecologia do Rio Rural, Eiser Felippe, é o SPG que inclui o produtor familiar na agricultura orgânica, barateando o processo de certificação. “A principal vantagem do SPG é a integração entre os agricultores. São quatro membros do grupo que fazem as vistorias. Trimestralmente, há a troca de um deles. Concluído esse processo, a Abio emite a certificação de conformidade orgânica, com validade de 12 meses”, explicou.


Legendas:

Foto 2386 - Em São José do Vale do Rio Preto, Sérgio é um dos membros do SPG que faz vistoria nas propriedades. Através do Rio Rural, pretende adquirir uma roçadeira e investir num sistema de irrigação econômica. 

Fotos 1184 e 1212 - Levi é um dos pioneiros na produção de orgânicos em toda região Serrana. Ele foi um dos 17 beneficiados pelo Rio Rural Emergencial em Petrópolis. 
 
jornalista. rubenn dean
tel.021.9337.4123
email.rubenndeanrj@gmail.com
facebook. eddie rubenn dean murphy



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