Governo do Rio tem Comitê de Saúde da População Negra para eliminar efeitos de séculos de discriminação
Repórte
Rubem de Paula
As
ações do Comitê atendem orientações, diretrizes e objetivos
estabelecidos na Política Nacional de Saúde Integral da População
Negra. Entre as metas, está a
elaboração de projetos que tornem a saúde pública mais acessível e
investimentos no tratamento de enfermidades que acomete em maior número
as pessoas negras, como a doença falciforme
Última nação da América a abolir a
escravidão, o Brasil ainda guarda reflexos de uma história de
desigualdade. A saúde está entre os indicadores que refletem essa
situação. Para tratar do assunto no mês da Consciência Negra, a
Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) promoveu o IV Seminário Estadual
de Saúde da População Negra. Organizado pela Assessoria Técnica de
Gestão Estratégica e Participativa, o encontro - dirigido a gestores e
profissionais de saúde - teve como foco o combate ao racismo nos
serviços e atendimentos oferecidos no Sistema Único de Saúde.
O evento debateu temas variados como a importância
da utilização do quesito raça e cor na produção de informações
epidemiológicas, além de propor formas de enfrentamento ao racismo
institucional. Esse e outros assuntos já são abordados no Comitê
Estadual de Saúde da População Negra do Rio de Janeiro, instituído este
ano. As ações do Comitê atendem as orientações, diretrizes e objetivos
estabelecidos na Política Nacional de Saúde Integral da População Negra.
Entre as metas, inclui-se a elaboração de projetos que tornem a saúde
pública mais acessível e investimentos no tratamento de enfermidades que
acomete em maior número as pessoas negras, como a doença falciforme.
“O aumento na autodenominação de negros e pardos no
último censo do IBGE representa uma mudança. É preciso uma série de
políticas públicas voltadas para a população negra. O fortalecimento da
atenção à saúde das populações mais vulneráveis é uma necessidade
justificada por estatísticas e pesquisas”, informa Carina Pacheco,
assessora Técnica de Gestão Estratégica e Participativa da Secretaria de
Estado de Saúde.
Anemia Falciforme - Uma das ações já
em prática é o tratamento para a anemia falciforme, alteração sanguínea
hereditária mais frequente no Brasil. O Rio de Janeiro é o segundo
estado com a maior prevalência da doença, perdendo somente para a Bahia.
Estima-se que a cada 1.200 nascimentos, um recém-nascido tenha a
doença. O traço falcêmico – que ocorre quando o indivíduo carrega o
gene, mas não manifesta a doença – é ainda mais presente. De acordo com
pesquisas, um a cada 21 indivíduos no estado do Rio possui o traço,
correspondendo a 4,5% da população carioca.
O estado do Rio de Janeiro contabiliza cerca de 5
mil pessoas com a doença. Mais de 3 mil são tratados regularmente no
Hemorio, que identifica aproximadamente 20 notificações novas por mês e é
responsável por 40% de todos os atendimentos na unidade. A Secretaria
de Estado de Saúde, em parceria com o Ministério da Saúde, implantou em
31 unidades do SUS no município do Rio de Janeiro e no interior
fluminense para o atendimento clínico de crianças com a doença,
aumentando o acesso e possibilitando o acompanhamento médico em todo o
estado. O Rio de Janeiro é o único estado onde a estratégia está
pactuada na CIB (Comissão Intergestores Bipartite). Desse modo, os
pacientes só precisam ir ao Hemorio apenas uma vez por ano, para exames
mais complexos.
A identificação da doença
falciforme começa com a triagem neonatal, o teste do pezinho. Há doze
anos o Rio de Janeiro foi o segundo estado do país a adotar o teste para
identificá-la. Hoje, são realizados mensalmente, entre 15 e 16 mil
testes em toda a rede pública do estado. O objetivo é reconhecer
precocemente a doença para tão logo dar início ao tratamento. Com a
inclusão da pesquisa da doença falciforme no teste, o risco de
mortalidade infantil no Estado caiu de 10% para 3,5%, de 2000 até este
ano.
jornalista. rubenn dean
tel.021.9337.4123
email.rubenndeanrj@gmail.com
facebook. eddie rubenn dean murphy
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