Morro Santa Marta supera expectativas de turistas estrangeiros

Morro Santa Marta supera expectativas de turistas estrangeiros
 
Estudo inédito encomendado pelo Ministério do Turismo mostra o perfil do visitante e faz um inventário dos atrativos da comunidade
 
 
Brasília (DF) – O turismo no Morro Santa Marta atende ou supera a expectativa de 78,9% dos estrangeiros que visitam o local. A informação é da pesquisa encomendada pelo Ministério do Turismo à Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre o turismo em comunidades carentes. O questionário em português, inglês, francês e espanhol foi aplicado a 400 turistas que visitaram o morro. A pesquisa mostra o perfil do visitante e faz um inventário dos atrativos da comunidade. O objetivo é que os dados apurados orientem a implantação de atividades de cunho turístico, capazes de gerar trabalho e renda em favelas pacificadas. Veja a pesquisa aqui.
 
De acordo com o levantamento, mais da metade (57,2%) dos visitantes internacionais recomendariam o programa para amigos ou familiares. A arquitetura responde por 56% das melhores impressões dos entrevistados. O estudo identificou também o perfil do turista estrangeiro no Morro Santa Marta. Ele vem principalmente da Europa (42,2%), Oceania (15,3%) e América Latina (14,2%). Tem idade média de 40 anos e sete em cada dez deles estão na cidade a lazer, hospedados em resort/hotel/flat, e têm o terceiro grau completo ou pós-graduação.
 
Os homens representam 51,5% dos visitantes e as mulheres 48,5%. A maioria dos visitantes (85,9%) nunca tinha visitado o Rio de Janeiro, 73,8% está em viagem com cônjuge/namorada(o), amigo ou grupo de excursão, e 64,4% tem renda familiar de até R$ 10 mil. Na percepção do visitante, a visita ao Rio de Janeiro é relativamente segura. Apenas 27,8% afirmaram que se sentiram um pouco ou muito inseguros na cidade.
 
O estudo do Ministério do Turismo revelou, ainda, que é possível ampliar o ganho econômico da comunidade com a visitação por meio da qualificação e do empreendedorismo. Atualmente, a maioria (81,4%) dos estrangeiros gasta até R$ 10, sendo que 61,4% tiveram um gasto máximo de R$ 5. Entre aqueles que não compraram nada, quase metade (40,6%) considerou a oferta de produtos pequena e 11,6% reclamaram da falta de higiene.

Inventário
O estudo identificou também os principais atrativos turísticos consolidados e potenciais. A Laje Michael Jackson, onde o cantor americano gravou o clipe da música “They don’t care about us” (“Eles não se importam com a gente” na tradução) foi apontada como um dos principais pontos de visitação. O espaço atualmente ocupado pela organização não governamental Atitude Social ostenta um mosaico com a imagem de Michel Jackson feita por Romero Britto e uma estátua de bronze do ídolo pop americano, falecido em 2009.
 
Outros atrativos apontados no trabalho são o Cantão, Minas, Casa Luciano Huck, Lajão Cultural e trilha para o Mirante Dona Marta, com vista para o Cristo Redentor. Como pontos turísticos a serem desenvolvidos são destacados o muro de escalada e tirolesa, o paintball, capela Santa Marta, exposições culturais, a Laje dos Artesão Santa Marta e a Biblioteca Sol Nascente.
 
Moradores
Além dos turistas, participaram do estudo moradores, policiais, lideranças locais, guias e operadores de turismo. Para a maioria deles, o turismo cresceu após a pacificação da favela. Segundo os moradores, a vista privilegiada, a alegria e a hospitalidade do povo figuram entre os principais atrativos do local.
 
A maioria dos entrevistados da favela aponta o idioma como problema a ser superado e pedem, como uma das principais reivindicações, qualificação. Em um ponto as opiniões de turistas estrangeiros e moradores coincidem: ambos consideram que a história local poderia ser mais bem trabalhada na programação turística.
 
A pesquisa faz parte de um programa maior voltado para a visitação das UPPs e inclui as comunidades da Rocinha, do Morro do Borel, Chapéu Mangueira e Babilônia. O turismo em áreas carentes é uma realidade mundial. Soweto, na África do Sul, recebe 415 mil turistas por ano e os “Townships Tours”, como são conhecidas as visitas às comunidades pobres, são a terceira atração mais procurada da África do Sul.
  
jornalista
rubenn dean
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