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Atletas paralímpicos enfrentam novos desafios em Londres
Integrantes de equipe do Rio participarão da competição com benefício concedido pelo Estado
A tranquilidade do judoca Wilians Araújo, de 20 anos, não dá pistas dos obstáculos que ele já enfrentou na vida. Mas, com seu 1,90m de altura e 134 quilos, ele mostra, em poucas palavras, a grandeza de um campeão. Cego desde os 10 anos, num trágico incidente em família, Wilians é um dos cinco atletas do Rio, beneficiados com a bolsa-atleta concedida pelo Estado, que embarcarão, em agosto, rumo às Paralimpíadas de Londres.
Felicidade em representar o Brasil
A competição de judô, que será realizada entre os dias 30 de agosto e 10 de setembro, não vai ser o primeiro desafio internacional do judoca, mas certamente será o maior do qual já participou representando o Brasil.
– Tenho consciência do que vou encontrar lá. O nível é bem avançado. Mas estou com a cabeça tranquila. Fico feliz porque o esporte me possibilitou ser uma peça importante para o Brasil – disse o peso-pesado, que foi campeão no Mundial de Jovens, nos Estados Unidos, em 2011, e vice no ParaPan, no México, no mesmo ano.
Treinando quatro horas por dia, o morador de Olaria, Zona Norte do Rio, tem o sonho de comprar uma casa para a família. Filho de um porteiro e de uma dona de casa do interior da Paraíba – onde passou grande parte da infância –, ele só luta judô há quatro anos, desde que começou a fazer aulas, “meio por acaso”, no Instituto Benjamin Constant, e continuou, quando passou a estudar no Pedro II.
– Talvez, se eu enxergasse, nem estivesse vivo. Não vou ficar me lamentando pelo que perdi, vou ser feliz com o que sobrou. Quando consegui a bolsa, estava quase desistindo, até porque é muito caro viver de esporte. Estava sofrendo pressão da minha família para trabalhar numa profissão mais convencional – afirmou o judoca.
Meninas sonham com medalhas
Promessas de medalhas nas Paralimpíadas, Alice Corrêa e Viviane Soares, de 16 anos, compensam as dificuldades para enxergar e os poucos recursos financeiros com muito suor. Alunas do 9º ano da mesma turma, as atletas, moradoras de Caxias e de Anchieta, respectivamente, treinam, diariamente, no estádio Célio de Barros, no Maracanãzinho. As duas recebem bolsas da Secretaria de Esporte e Lazer.
Atletas querem performance perfeita
Bronze no salto em distância dos Jogos Escolares de Londres, em maio passado, Alice corre os 100 e 200 metros rasos. Já Viviane corre, além das provas dos 100 e dos 200, os 400 metros rasos.
– Cobro muito de mim, mais do que o treinador – afirmou Alice, que compete em categorias para visão intermediária.
Viviane se enquadra na categoria T13, a das pessoas que enxergam melhor.
– Um dos meus defeitos é olhar para baixo, para acompanhar a linha – disse a jovem, medalha de prata no ParaPan, no México, em 2011.
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