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Moradores transformam suas casas para oferecer hospedagem a turistas
Em áreas pacificadas, visitantes encontram preços acessíveis e hospitalidade tipicamente carioca
Em busca de estada de boa qualidade no Rio de Janeiro, a espanhola Liz Massip, 24 anos, seguiu o conselho de um estudante em intercâmbio para se instalar no hostel Favela Inn, no morro do Chapéu-Mangueira, no Leme. Assim como ela, centenas de turistas procuram nas comunidades pacificadas alternativas de hospedagem com preços acessíveis e a hospitalidade tipicamente carioca, que em nada devem aos tradicionais hotéis da cidade.
Graduanda de Políticas Públicas pela Universidade de Pompeu Fabra, Barcelona, Liz não titubeou ao optar pelo albergue. A possibilidade de se inserir no cotidiano da favela, que recebeu uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) em junho de 2009, e ver de perto o que o governo tem feito pelas comunidades pesaram positivamente na decisão.
– Vim visitar e gostei do ambiente, das pessoas e da vista para o mar, claro. É muito mais interessante ficar aqui porque você não sai da favela para nada. Estou terminando meu curso e terei ainda três meses para curtir o Rio – afirmou a jovem, que deixará a cidade no fim do ano.
Inaugurado em fevereiro de 2011, o Favela Inn tem capacidade para 26 pessoas e emprega 30 moradores da comunidade. Ex-dona de casa, a administradora do hostel, Cristiane de Oliveira, se qualificou em gestão empresarial e marketing para ampliar o negócio, mas aposta no acolhimento para receber os visitantes. As diárias variam entre R$ 35 e R$ 100, com direito a café da manhã e livre uso das dependências, o que faz com que eles se sintam em casa.
– Trabalhamos com estudantes na baixa temporada e turistas na alta. Já recebemos pessoas de mais de 50 países. Muitos deles voltam para trazer amigos. Nosso marketing é feito por quem passa por aqui – disse Cristiane.
Os empresários franceses Bruno Sartre e Nicolas Robichez optaram pelo Vidigal para morar. Há três meses, eles alugam por R$ 1,2 mil um quarto privativo na Casa Alto Vidigal, que fica no topo do morro. Enquanto regulamentam uma empresa que desenvolve estruturas flutuantes para a construção civil, eles planejam abrir uma pequena creperia na varanda do quarto e implementar projetos sociais na comunidade.
– Estou buscando patrocinadores para abrir uma escola de idiomas a preços simbólicos, porque o desenvolvimento turístico do Rio para a Copa e os Jogos Olímpicos vai exigir que as pessoas falem outras línguas. Também pretendo trazer um projeto que desenvolvi no Haiti para oferecer projeções de cinema a R$ 1 ou de graça – afirmou Nicolas.
Aluguel de casas aumenta orçamento
No Santa Marta, ainda não há albergues ou pousadas. Mas como a procura dos turistas por locais de hospedagem é grande, os moradores passaram a alugar suas casas para complementar o orçamento. Um deles é Thiago Firmino, guia turístico local, que desde 1999 oferece seu quarto a visitantes conhecidos ou indicados por amigos. Ele cobra R$ 60 por dia na baixa temporada, valor que inclui o café da manhã e um passeio pela comunidade.
– Tem gente que me liga interessada em viver a realidade da favela, procurando um lugar onde dê para tomar um banho legal e dormir bem. Indico famílias que têm casas mais humildes e precisam de um dinheirinho extra – disse
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