Colégios do Noroeste apostam em novas formas de ensino
Com evasão escolar zero, unidades de Cambuci ganham destaque nacional
Os limites da sala de aula extrapolaram as quatro paredes e invadiram pátios, quadras de esportes e tomaram conta das casas dos alunos. Com a receita simples de aproximar os pais da formação dos filhos e tornar o aprendizado mais interessante com passeios, teatro e feiras, os diretores dos colégios estaduais Waldemiro Pitta e Oscar Batista, em Cambuci, na Região Noroeste, transformaram o ensino em suas escolas e reduziram para zero a evasão escolar.
Resultado do Ideb comprova sucesso
A comprovação do sucesso está nos resultados do último Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica): o Waldemiro Pitta é a melhor escola do Estado e a segunda melhor do Brasil, enquanto o Oscar Batista teve a segunda melhor nota do Rio e a terceira do país. Para atingir os resultados, os gestores encontraram muitos desafios. Um dos maiores era o abandono dos alunos, que têm que enfrentar longos deslocamentos para assistir às aulas. Em colégios de zonas rurais, além das distâncias, muitos estudantes precisam trabalhar nas lavouras. Para o diretor da Oscar Batista, Obede Peres, 48 anos, a solução é bater de porta em porta.
– Formamos um grupo de visitadores e passamos a ir à casa de quem estava faltando muito. Mostrávamos a necessidade de manter as crianças na escola. Também montamos um plano de estudo para recuperar o aluno que fica fora por um tempo, na lavoura – explicou Obede.
Foco na rotina de cada estudante
O bom desempenho de um aluno não depende apenas da atenção às aulas e do estudo em casa. Foi o que percebeu a diretora do Colégio Waldemiro Pitta, Neliany Marinho, 49 anos. De manhã, muitos alunos sentiam dores de cabeça, enjoos e ficavam dispersos. As conversas mostraram que os estudantes acordavam muito cedo e não tomavam café da manhã. A solução? Montar uma padaria dentro da escola.
– Procurei a Secretaria de Educação e fiz o projeto. Hoje, os alunos chegam e têm o pão quentinho para comer. Eles saem muito cedo de casa. Em uma área rural, não temos tanto comércio perto – disse a diretora.
Neliany também é adepta dos eventos fora da sala de aula para manter o interesse dos alunos. O calendário escolar é baseado em datas comemorativas. Os jovens representam e recitam poesias, e as famílias são convidadas para assistir às apresentações. O mesmo modelo foi adotado no Oscar Batista, que motiva os alunos com feiras temáticas e passeios para ver na prática o que aprendem na sala de aula.
– Faço questão de participar de todas as atividades fora da sala de aula – disse Walter Curvelo, 17 anos, aluno do 3º ano do Ensino Médio Normal.
Não apenas os alunos em idade escolar são atraídos para as carteiras. Aos 40 anos, Cirlene Mulina decidiu terminar os estudos. Agora, aos 49, ela está perto de concluir o curso Normal no Waldemiro Pitta.
– Quero ser professora. Tenho um longo caminho, mas quem sabe não chego lá? – disse Cirlene.
JORNALISTA. RUBENN DEAN
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FACEBOOK. EDDIE RUBENN DEAN MURPHY
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